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GO: Quando necessário, vamos ampliar a rigidez do isolamento, diz Caiado

Ronaldo Caiado, governador de Goiás - Pedro Ladeira/Folhapress
Ronaldo Caiado, governador de Goiás Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

11/05/2020 17h47

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), está preocupado com a queda no índice de isolamento social no estado, disse que pode aplicar medidas mais rígidas para reduzir a circulação de pessoas por algumas cidades e deixou claro que sua postura sobre o novo coronavírus diverge da adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Qual é a metodologia implantada por nós? Nós vivemos um primeiro isolamento, colhemos o fruto, temos novamente agora uma perda dessa capacidade de manter as pessoas em casa, vamos fazer um segundo isolamento, depois vamos flexibilizar, e, se necessário, vamos fazer o terceiro isolamento. Nós vamos tratar de forma intermitente. Quando necessário, vamos ampliar a rigidez do isolamento", disse o governador à GloboNews.

"Eu vou colher aqueles resultados em 14 dias. Tem uma margem de flexibilização. Tornou a sair do controle? Torna a fechar novamente. Até porque a motivação deve ser baseada em dados científicos, não é no achismo, não é no estado todo. Ela deve ocorrer nas regiões onde você vê maior incidência. (...) Nas cidades que provocaram esse colapso, nós vamos voltar de novo ao isolamento forte. Vamos ver quantos dias nós manteremos, depois nós abriremos novamente!", completou Caiado.

Antigo aliado de Jair Bolsonaro, o governador de Goiás fez questão de reforçar que pensa diferente do presidente quando o assunto é a pandemia da covid-19; durante a conversa com Caiado, a reportagem da GloboNews chegou a mencionar o passeio de jet ski feito por Bolsonaro no dia em que o Brasil ultrapassava a marca de 10 mil mortes causadas pela doença.

"Com muita tranquilidade, eu posso responder que, no tratamento do combate ao coronavírus, a minha posição em relação à posição do presidente é totalmente divergente. Isso eu já deixei claro, já declarei a toda a população do estado, já enfrentei mobilizações aqui. Como médico que sou, e ao mesmo tempo ao seguir todas as regras e publicações internacionais de países que têm experiencia maior do que nós, o único resultado que realmente comprova algo de positivo para a população é o isolamento", afirmou.

"O princípio primeiro do nosso governo em Goiás é defender vidas. A vida, para nós, tem um valor acima de todos os outros e, como tal, vamos manter a quarentena, as regras no estado de Goiás. São regras próprias para o estado e assim serão implantadas dentro daquilo que o nosso quadro epidemiológico define como ideal para o momento. Se a visão do presidente da República é diferente da nossa, isso é problema do presidente", avisou.

Novamente questionado sobre o tema, Caiado admitiu que as mensagens passadas pelo presidente da República à população goiana podem ter atrapalhado a campanha estadual a favor do isolamento social.

"Temos de ser bem diretos: quando você tem sinal trocado sobre o mesmo assunto, é lógico que isso cria duas vertentes. Uma vertente que fala para ficar em casa, e a outra que fala para voltar ao trabalho. Eu não estou negando isso: esse sinal trocado interfere, sim, no cidadão que, ao estar hoje na sua casa ou no trabalho, ou fazendo qualquer serviço na rua, ele se pergunta se deve ouvir a fala do governador ou a posição do presidente", respondeu o governador.

"Eu não omiti que o sinal trocado compromete, sim, o isolamento social. O que eu complementei foi que aqui no estado de Goiás vai prevalecer o que ficar estipulado pelo governo do estado em forma de decreto", concluiu Caiado, que acusou o governo federal de ainda não ter transferido para o estado de Goiás a administração do hospital de campanha de Águas Lindas (GO); além disso, ele alegou que 40 leitos de UTI teriam sido transformados integralmente em leitos de enfermaria.

"Nos foi informado que seriam 160 leitos de enfermaria e 40 leitos de UTI. Agora, a informação que nos chega é de que quando eles repassarem o hospital a nós, todos os 200 leitos serão de enfermaria. A única coisa que vão poder atender é a canalização do oxigênio, mas os respiradores e as camas específicas de UTI não serão fornecidos. É importante que a gente possa reparar bem o que foi à época falado, e o que está sendo proposto agora. Não tem aparelhagem para os 40 leitos da unidade de UTI", disse.