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Bolsonaro diz que lockdown 'não dá certo' e volta a criticar governadores

O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) - Marcos Corrêa/Divulgação PR
O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) Imagem: Marcos Corrêa/Divulgação PR

Do UOL, em São Paulo

14/05/2020 19h51

Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar hoje sobre o decreto que assinou para liberar academias de ginástica, salões de beleza e barbearias como serviços essenciais durante a pandemia do novo coronavírus, que tem sido rejeitado por governadores por João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). O presidente da República também disse que o chamado lockdown (bloqueio total) "não dá certo" no combate à covid-19.

"Não precisa dessa gana toda para conter a expansão [do coronavírus]. Conter por um tempo, porque o vírus vai atingir pelo menos 70% da população. Essa maneira radical de proporcionar lockdown... Eu não falo inglês, como é? Lockdown. Não dá certo, e não deu certo em lugar algum do mundo. A Suécia está bem com sua economia. Se morrem 100 pessoas aqui e 100 no Uruguai, há uma diferença enorme. Lá a população é 30 ou 40 vezes menor do que a nossa", afirmou.

A declaração foi feita hoje, durante a tradicional live realizada pelo presidente no Facebook às quintas-feiras.

Vale destacar, porém, que Bolsonaro havia tentado comparar, pela manhã, o número de mortes causadas pela covid-19 no Brasil e na Argentina; ele disse que bastava "fazer a conta por milhões de habitantes", mas os argentinos também têm menos óbitos neste critério. Desta vez, ele usou o Uruguai e a Suécia como exemplos.

Mais uma vez, o presidente da República disse que os governadores e prefeitos que discordarem de seu decreto podem entrar com ação na Justiça, mas não podem se recusar a cumpri-lo.

"Alguns governadores, fui avisado, não vão cumprir nosso decreto. Se algum governador é contra nosso decreto, entre com ação, vá na Justiça. Vá na Justiça que pode, aí, uma autoridade do Judiciário dizer que o decreto é inconstitucional. Esse é o caminho, não é simplesmente dizer 'não vou cumprir'. Esse é o caminho de alguém que está à frente do Executivo. Na ponta da linha, com todo respeito aos governadores, quem tem de decidir é o prefeito. Há diferença enorme entre um município e outro, até no Rio de Janeiro. Cada caso é um caso. Leva-se em conta a quantidade de habitantes [de cada cidade]", disse.

Bolsonaro diz que orientaria mãe a tomar cloroquina

Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina no tratamento do novo coronavírus e disse que o ministro Nelson Teich, da Saúde, pode rever o atual protocolo relacionado à substância. Além disso, o presidente afirmou que orientaria a própria mãe a tomar o medicamento se ela contraísse a covid-19.

"Falei para o Teich que o Conselho Federal de Medicina recomenda uso de cloroquina a partir dos primeiros sintomas. Eu converso com muito médico. O ser humano, quando está em uma situação grave, dificilmente se recupera com a cloroquina. Mas quando é na fase inicial, em especial os mais idosos, porque o mais jovem dificilmente se agrava o problema... Não é confirmado ainda, mas com os mais idosos parece que está dando certo", disse.

"Amanhã o Nelson Teich vai falar, e acho que sobre a mudança do protocolo. A minha mãe está com 93 anos, quero deixar um testemunho. Se um irmão falar que deu positivo [o teste de coronavírus] para ela... Meus irmãos já sabem o que eu penso, vamos partir para a cloroquina imediatamente, não tem de esperar. Minha mãe está bastante idosa, mas quero que ela viva mais uns 50 anos. Uns 'cinquentinha' está bom demais, hein?", concluiu.