Médica que atua na linha de frente da covid desabafa: 'Hoje eu só chorei'
A médica Marina Freire Maia, de 28 anos, que mora em Eusébio (CE), na região metropolitana de Fortaleza, e trabalha na linha de frente de combate ao coronavírus, fez um desabafo as redes sociais sobre como é atuar tentando salvar vidas durante a pandemia.
Em entrevista ao UOL, a clínica geral, que trabalha em uma UPA (unidade de Pronto Atendimento), disse que o trabalho durante a pandemia está sendo "exaustivo física e emocionalmente" e por isso ela fez o desabafo.
"Após quase dois meses trabalhando quase todos os dias da semana, hoje eu só chorei", contou. "Chorei porque não aguento mais ter que escolher quem tem mais chance de viver", prosseguiu a médica, que trabalha em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Freire explicou ainda que é muito difícil "ver familiares se despedindo dos pacientes no ato da internação enquanto eu penso que isso pode ser o último abraço que eles podem dar".
Ela disse que, nas atuais circunstâncias, tem visto "famílias devastadas com várias mortes causadas por essa doença escrota" e pessoas da idade dela com o pulmão todo comprometido.
Porém, segundo a médica, o pior de tudo "é sair de um plantão caótico e ver gente nas ruas como se nada estivesse acontecendo. Pessoas bebendo, aglomerando, fazendo festinhas", escreveu. "Me sinto uma imbecil. Sinto que estou enxugando gelo", lamentou Freire.
Nesse ponto, a clínica geral, diz que para que as pessoas se conscientizem do risco da doença, é preciso "empatia e compaixão com o próximo. Se a dor do outro não te dói, tem algo muito errado", disse.
Por fim, Freire pediu que as pessoas fiquem em casa para evitar um colapso no sistema de saúde. "Fiquem em casa e saiam apenas em caso de extrema necessidade, usando máscara e tendo todos os cuidados possíveis", alertou.
No dia 13 de abril, ela já havia feito uma postagem no Instagram, em que falou sobre o uso dos equipamentos de proteção individual e pediu para que as pessoas ficassem em casa:
"Usar máscara, óculos e todos esses EPIs dói, mas o que dói mais é ver vocês não respeitando o isolamento social e tratando essa doença como besteira, enquanto todos os dias vemos o impacto dela. Tenham empatia por quem está lutando por vocês. Fiquem em casa, por favor", disse.
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