Brasil é 5º país do mundo a registrar mais de mil mortes de covid em um dia
Resumo da notícia
- Pela primeira vez, Brasil registra mais de mil mortes de covid-19 em um dia
- Desta forma o País entra no grupo de EUA, França, Reino Unido e China
- Números oficiais ainda estão sujeitos a atraso e subnotificação
- Itália e Espanha somam cerca de 60 mil mortos, mas nunca registraram mais de mil em um só dia
Segundo a atualização feita pelo Ministério da Saúde hoje, o Brasil registrou pela primeira vez mais de mil mortes por covid-19 em 24 horas. Com 271.628 casos e 17.971 mortes oficiais no total, o país se torna o quinto do mundo a contabilizar tantas vítimas fatais em um único dia, após Estados Unidos, França, Reino Unido e China.
Ainda que todos os países citados estejam em momentos distintos no combate à pandemia, a realidade brasileira se aproxima mais do cenário que os Estados Unidos viveram há um mês e meio: os mil mortos em 24 horas são um sinal inequívoco da aceleração da doença.
França, Reino Unido e China, por outro lado, só registraram esta quantidade de óbitos em dias pontuais, nos quais contabilizaram mortes retroativas — a curva de mortes tinha um pico nestes dias.
Já Itália e Espanha, países que juntos somam cerca de 60 mil mortos por covid-19, chegaram perto, mas nunca registraram mais de mil óbitos em um único dia (e hoje já acreditam ter superado o pico de contaminação).
Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que mostra que os Estados Unidos registraram mais de mil mortos todos os dias por um mês inteiro (entre 4 de abril e 3 de maio). Já são mais de 1,3 milhão de casos oficiais da doença e 80 mil vítimas fatais no país, de longe o mais afetado pela covid-19.
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich já havia admitido no final de abril a possibilidade de o Brasil contabilizar mil óbitos por dia no decorrer da emergência de saúde.
"Se tivermos um crescimento significativo na pandemia, é possível acontecer", adiantou na ocasião, ponderando que, à época, tal cenário não era uma certeza. "Não quer dizer que vai acontecer. Temos que acompanhar a cada dia para tomar as decisões", afirmou.
O Brasil é o terceiro com maior número de infectados pela covid-19 no mundo. Segundo a Universidade Johns Hopkins, que apresentam defasagem em relação aos dados do governo brasileiro recém-divulgados, são estes os países mais afetados pela pandemia atualmente:
- Estados Unidos: 1.524.107 casos diagnosticados
- Rússia: 299.941 casos diagnosticados
- Brasil: 265.896 casos diagnosticados
- Reino Unido: 250.138 casos diagnosticados
- Espanha: 232.037 casos diagnosticados
- Itália: 226.699 casos diagnosticados
- França: 180.933 casos diagnosticados
- Alemanha: 177.778 casos diagnosticados
- Turquia: 151.615 casos diagnosticados
- Irã: 124.603 casos diagnosticados
Mortes são registradas com atraso
Por conta da fila de testes, há atrasos na contagem feita pelo Ministério da Saúde, e um óbito pode levar até dois meses para entrar na conta oficial. O UOL já identificou atrasos de até 51 dias para a oficialização de mortes.
Desta forma, a diferença entre as mortes divulgadas e o total de mortes pode ser até 1.700 em um dia, como em 22 de abril.
"Nós temos certeza de que há subnotificação de casos e mortes, mas ainda vamos demorar a saber o grau disso", explica Eliseu Waldman, infectologista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).
O mais provável, diz ele, é que só seja possível estimar a subnotificação de mortes por covid-19 depois da pandemia, uma vez que os cientistas souberem a letalidade aproximada da doença e o SIM estiver "em dia" quanto à doença.
"O sistema é confiável, cobre todo o Brasil e está em um padrão internacional de excelência, mas, como em outros países, também tem a dificuldade de ser lento. Demora mais tempo para ter dados atualizados, ainda mais neste momento de pandemia, em que há inclusive sobrecarga neste sistema", afirma.
Brasil tem subnotificação de casos e mortes
Além do atraso, a subnotificação também faz com que as mortes oficiais, confirmadas pelo Ministério da Saúde, estejam abaixo do total real de óbitos por covid-19. O principal problema é a baixa quantidade de testes para diagnóstico da doença.
O Governo Federal não informa quantos testes de covid-19 foram feitos nesta pandemia. Só há dados oficiais para exames de vírus respiratórios no geral (não especificamente para o novo coronavírus); e destes foram realizados 350 mil. Desta forma, a taxa de testes do Brasil é de 1,65 por mil habitantes.
Para efeito de comparação, a taxa brasileira de testes gerais é menor do que a taxa de testes específicos de covid-19 nos países mais atingidos pela doença. Entre aqueles que já registraram mil mortes em um dia, os Estados Unidos têm taxa de 28,2 por mil habitantes; o Reino Unido, 21,5 testes por mil pessoas; e a França, 12,7 — a exemplo do Brasil, a China não divulga seus dados. Os números são do site "ourworldindata", que os compila com base nas informações oficiais dos próprios países.
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