Brasil chega a ter 1.720 mortes por covid-19 a mais do que é anunciado
Os dados mais recentes sobre o número de óbitos por covid-19 divulgados pelo Ministério da Saúde mostram diferença de 1.720 casos entre o dado anunciado no dia 22 de abril (2.906) e o número atualizado pela própria pasta na última quarta (4.626).
O Brasil chegou ontem a 9.146 mortes pela covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, mas a atualização retroativa feita pelo governo federal tem mostrado que há um atraso na contagem de óbitos, causado pela fila de testes, o que altera sensivelmente a percepção que se tem sobre o avanço da pandemia no país.
Apesar de a curva de novas mortes confirmadas no dia às vezes parecer, para alguns, regular, os dados atualizados mostram uma tendência crescente no número de óbitos:
Nesta semana, o Ministério da Saúde passou a informar, junto ao dado de novas mortes confirmadas, quantas delas ocorreram nas últimas 72 horas.
Segundo dados de quarta, dos 615 novos óbitos anunciados num intervalo de 24 horas, mais de um quarto (140) havia ocorrido nos três dias anteriores. Os demais aconteceram em períodos anteriores.
A demora em obter resultados de exames fez com que o Ministério da Saúde confirmasse só agora, com 51 dias de atraso, um óbito que aconteceu em 18 de março.
Com isso, o cronograma de evolução da pandemia atualizado se apresenta desta forma:
- 17 de março: 1ª morte
- 10 de abril: 1.056 mortes
- 17 de abril: 2.141 mortes
- 23 de abril: 3.313 mortes
- 25 de abril: 4.016 mortes
- 28 de abril: 5.017 mortes
- 1ª de maio: 6.329 mortes
- 3 de maio: 7.025 mortes
- 6 de maio: 8.536 mortes
Há uma semana, em 30 de abril, o ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que o Brasil poderia chegar a confirmar 1.000 mortes por dia, caso a pandemia crescesse.
"O número de 1.000, se tivermos um crescimento significativo na pandemia, é possível acontecer. Não quer dizer que vai acontecer. A gente tem que acompanhar a cada dia para tomar as decisões", disse naquela ocasião.
Há três dias, o número de novos óbitos supera os 600 e se aproxima cada vez mais da previsão feita pelo ministro. Porém, o país tem continuamente atingido novos patamares no número de mortes mais rápido do que indica o número oficial.
Nota-se que, diferentemente do que acontecia no início da pandemia, as confirmações de óbito têm sido feitas com maior agilidade. Contudo, quando mais antigos os dados, maior a discrepância entre o dado anunciado na data e a atualização retroativa.
Oficialmente, o Brasil ultrapassou os 1.000 casos em 10 de abril, mas, com as informações de hoje, sabe-se que já tínhamos 1.065 mortos seis dias antes, em 4 de abril:
1.000 mortes
Data oficial: 10 de abril
Data calculada pelo que se sabe em 06/05: 4 de abril, quando o dado oficial era de 432 óbitos
2.000 mortes
Data oficial: 17 de abril
Data calculada pelo que se sabe em 06/05: 10 de abril, quando o dado oficial era de 1.056 óbitos
3.000 mortes
Data oficial: 23 de abril
Data calculada pelo que se sabe em 06/05: 15 de abril, quando o dado oficial era de 1.736 óbitos
4.000 mortes
Data oficial: 25 de abril
Data calculada pelo que se sabe em 06/05: 20 de abril, quando o dado oficial era de 2.575 óbitos
5.000 mortes
Data oficial: 28 de abril
Data calculada pelo que se sabe em 06/05: 24 de abril, quando o dado oficial era de 3.670 óbitos
6.000 mortes
Data oficial: 1º de maio
Data calculada pelo que se sabe em 06/05: 28 de abril, quando o dado oficial era de 6.329 óbitos
Considerando os dados mais recentes, o Brasil não ultrapassou a China em número de mortos em 28 de abril, mas quatro dias antes -e, conforme os próximos relatórios, com a confirmação de mortes anteriores, até mais cedo.
O país somou 4.875 óbitos pelo novo coronavírus em 23 de abril. O governo chinês confirma 4.643 casos fatais e registrou sua última morte em 14 de abril.
Diante desse cenário, Teich endureceu o discurso. Na contramão do que defende o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro já falou na possibilidade de o governo recomendar lockdown (confinamento) nos lugares onde a transmissão é mais acentuada. Secretários estaduais de saúde cobram o ministro por um discurso unificado no combate ao coronavírus, mostrou reportagem do UOL.
Defasagem na atualização do boletim
Um exemplo preocupante da defasagem na notificação de óbitos se mostra no caso do dia 20 de abril. Ontem, o Ministério da Saúde informou que o dia registrou o maior número de mortes desde o início da pandemia: 255.
Contudo, na data em questão, o boletim informou apenas 133 mortes (metade do que se sabe hoje) confirmadas nas últimas 24 horas.
Além disso, desses 133 óbitos, apenas cinco tinham de fato ocorrido no dia 20 de abril, ou seja, uma diferença de 250 em relação ao que se sabe hoje.
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