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Desigualdade social ajudou a elevar nº de mortes em Manaus, diz Fiocruz

Homem trabalha em meio às sepulturas do Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus - EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Homem trabalha em meio às sepulturas do Cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus Imagem: EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

08/06/2020 10h18Atualizada em 08/06/2020 13h32

A desigualdade social agravou a pandemia do novo coronavírus e elevou as mortes em decorrência da doença, segundo aponta um estudo da Fiocruz Amazônia. O levantamento avalia que houve "fraca efetividade de políticas públicas e fragilidade dos serviços de saúde na cidade".

Segundo número da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas, até ontem Manaus tinha 20.837 casos confirmados da covid-19 e 1.466 mortes. Em todo o estado são 49.269 casos e 2.250 óbitos.

O estudo usou dados da Central de Informações do Registro Civil (CRC) Nacional e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), durante a 11ª e a 16ª semana epidemiológica (período de 15 de março a 25 de abril de 2020).

A análise mostrou uma similaridade entre o total de óbitos registrados em 2019 e 2018, ao longo das semanas selecionadas em março e abril. Já a comparação entre o total de óbitos de 2020 e 2019 apontou um excesso de mortalidade a partir da 14ª semana epidemiológica de 2020 e uma explosão na 16ª semana, quando o número de mortes foi 200% maior do que o observado em 2019.

Segundo o pesquisador Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), é possível estimar o impacto da epidemia indiretamente, mediante o indicador de mortalidade geral, que avalia o excesso de óbitos ou o número de mortes não esperadas na população.

"Em tempos de ampla disseminação do novo coronavírus, especialmente em contexto sociossanitário desfavorável, espera-se não só maciço contágio e adoecimento, como também elevado e atípico número de óbitos", diz Orellana.

O aumento excessivo do número de mortes na 16ª semana, aponta o estudo, coincidiu com o colapso da rede pública hospitalar, gerando um aumento três vezes maior de sepultamentos diários. Nesse período, as mortes em casa e em via pública também aumentaram, bem como os casos de covid-19 nos municípios vizinhos. Este cenário teria ajudado a acelerar a epidemia em Manaus.

O estudo aponta ainda que quase 70% das vítimas fatais da covid-19 em Manaus eram pessoas com 60 anos ou mais e que o risco de mortalidade é maior entre os homens. Além disso, houve aumento explosivo de mortalidade por problemas respiratórios, complicações comuns da covid-19.