Gabbardo critica fala 'infeliz' de Wizard e presença de militares na Saúde
O ex-número dois da gestão de Luiz Henrique Mandetta (DEM) à frente do Ministério da Saúde, João Gabbardo, criticou hoje as declarações do empresário Carlos Wizard que insinuavam uma suposta "inflação" de dados sobre a pandemia do coronavírus por parte de estados e municípios. Wizard assumiria uma secretaria no Ministério da Saúde, mas desistiu ontem do convite.
"Essa manifestação do futuro ex-secretário de Ciência e Tecnologia foi muito infeliz. Tenho certeza que o próprio ministro conhece essa realidade", disse Gabbardo em entrevista à CNN Brasil.
Agora secretário-executivo do Centro de Contingência da covid-19 em São Paulo, Gabbardo acrescentou que o próprio ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, admite que há subnotificação de mortes no Brasil.
"Ele foi a primeira pessoa que discutiu no Ministério essa divergência entre os casos de covid e o número de sepultamentos em Manaus. Ele mostrou claramente, com dados, como a média diária de sepultamentos, que tinha aumentado sete vezes, e o número de casos de covid era muito menor que essa diferença", disse.
Gabbardo é um dos nomes que está por trás da iniciativa de criar o portal Dados Transparentes, que surge como alternativa para divulgar diariamente os números completos do coronavírus no Brasil. O portal foi criado como resposta à decisão do governo federal de não mais incluir nas estatísticas diárias a soma do total do número de casos e mortes pela covid-19.
Militares na Saúde
O ex-secretário de Mandetta também comentou sobre as recentes indicações de militares no Ministério da Saúde, depois que Pazuello assumiu a pasta. Para Gabbardo, a ausência de pessoas com experiência em saúde pública pode prejudicar o combate à pandemia.
"Acho que fez a opção por buscar o apoio dos militares, que têm grande conhecimento da área de logística, interpretam que essa área é muito importante", disse Gabbardo. "Essas pessoas não têm experiência em saúde pública e algumas áreas podem ficar prejudicadas. Mas essa é uma decisão que temos que respeitar, vamos torcer para dar certo", concluiu
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