Coronavírus: Opas cita Brasil e alerta para aumento de casos em fronteiras
Resumo da notícia
- Dados mostram tendência "preocupante" em direção à alta transmissão nas áreas de fronteira
- Estados do norte do Brasil registraram transmissões com países vizinhos
- Brasil concentra 23% de todos os casos e 21% de todas as mortes nas Américas
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, Carissa Etienne, alertou para o risco do aumento de transmissões da covid-19 nas cidades fronteiriças da região e pediu "cooperação" aos países. Até ontem, foram notificados mais de 3,8 milhões de casos e quase 204 mil mortes por covid-19 nas Américas.
"Atualmente, os EUA respondem por 54% de todos os casos nas Américas. O Brasil concentra 23% de todos os casos e 21% de todas as mortes em nossa região. E não estamos vendo a transmissão desacelerar. É o caso de quase todos os países da América Latina e alguns do Caribe", afirmou ela durante coletiva de imprensa. Os dois países lideram o número de casos de covid-19 no mundo.
A diretora destacou a preocupação com a situação de quem vive em cidades fronteiriças, onde há condições mínimas de saúde e intenso movimento de pessoas. Embora a maioria dos casos da doença sejam notificados em grandes cidades, dados da Opas mostram uma tendência "preocupante" em direção à alta transmissão nas áreas de fronteira.
No Brasil, onde os casos passaram de 900.000, Etienne afirmou que há transmissão da covid-19 em estados do norte do país que fazem fronteira com a Guiana Francesa e o Suriname, na região amazônica, onde há fronteira com Venezuela e Colômbia, e na fronteira entre Peru, Brasil e Colômbia. O país também teria relação com o aumento de casos na Guiana Francesa.
"Testemunhamos um aumento da transmissão com tendência ascendente no norte da Costa Rica, na fronteira com a Nicarágua. A Guiana Francesa passou de 140 para 1.326 casos em um mês, período que coincide com o aumento da transmissão através da fronteira com o Amapá, no Brasil, e também com o aumento de casos em países vizinhos, como o Suriname", completou a diretora.
Segundo Etienne, as cidades fronteiriças são áreas de pessoas vulneráveis, de indígenas, comunidades remotas e migrantes que buscam oportunidades e têm pouco acesso à saúde. Por isso, ela pediu cooperação aos países com medidas, equipamentos, medicamentos e informações para conter as transmissões.
"Os países devem trabalhar juntos para fortalecer a resposta à saúde em seus territórios além das fronteiras. Nas Américas, a covid-19 é um problema regional, e não de um país. É preciso mostrar nossa habilidade de trabalhar juntos".
Entre as medidas que podem ser adotadas pelos países, a Opas cita o fortalecimento dos serviços de atenção primária à saúde; treinamento e suprimentos adequados aos profissionais de saúde; ampliar o atendimento a comunidades locais e às populações transitórias e compartilhar informações. A Opas se comprometeu a enviar suprimentos, como EPIs, medicamentos, ventiladores e outros equipamentos médicos para comunidades locais e os migrantes contaminados com a covid-19 na região.
O diretor assistente da organização, o médico Jarbas Barbosa, afirmou que apesar da América Latina ter tido tempo de se preparar para a pandemia, vendo o que ocorreu na Europa, as questões sociais e econômicas dificultaram um maior controle da situação.
"A América Latina se preparou, adotou medidas importantes que foram capazes de evitar uma explosão de casos, como vimos na Itália, e não sobrecarregaram os serviços de saúde. Mas é uma região com uma proporção de pobreza e de economia informal que não tem comparação com a Europa. Estamos vendo uma situação mais relacionada aos determinantes sociais e econômicos da região do que aos sistemas de saúde", afirmou o médico.
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