Brasil supera 1.200 novas mortes pelo 3º dia; total é 47.869, diz consórcio
Com a inclusão dos dados registrados nas últimas 24 horas, o Brasil acumula hoje 47.869 mortes em decorrência da covid-19 e 983.359 pessoas diagnosticadas segundo levantamento feito pelo consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte. Os números são superiores aos divulgados mais cedo pelo Ministério da Saúde: 978.142 pessoas contaminadas e 47.748 óbitos.
Contudo, secretarias estaduais de saúde, em que o consórcio se baseia para produzir o balanço, relatam subnotificação na data de hoje por conta de problemas no e-SUS, ferramenta ligada ao Ministério da Saúde e utilizada para a contabilização dos dados.
A Secretaria de Saúde da Paraíba, por exemplo, registrou apenas 48 casos em 24 horas — ontem haviam sido mais de 1,5 mil. Ao consórcio, o estado explicou que "por indisponibilidade do sistema, não foi possível fazer a exportação da base de dados do e-SUS, que representa 95% do total de casos".
Os estados da Bahia, São Paulo e Piauí relataram problema parecido com o sistema. Outro exemplo é o Rio de Janeiro, que registrou 354 novos casos, o menor número em mais de um mês. No entanto as novas mortes por covid-19 foram 274 — o terceiro pior dia de toda a pandemia e a maior alta em 14 dias. De ontem (17) para hoje, apenas São Paulo registrou mais óbitos (325).
Já o Mato Grosso relatou problemas técnicos com o sinal de internet e, por isso, orientou a utilização de dados do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
Assim, nas últimas 24 horas foram registradas 1.204 vidas perdidas, além de 23.050 novos casos, aponta o consórcio. Já o Ministério da Saúde contabilizou 1.238 mortes e 22.765 casos de ontem para hoje.
Segundo o governo federal, o País tem 482 mil pacientes recuperados desde o início da pandemia e 448 mil seguem em acompanhamento.
Nordeste tem mais casos do que França e Alemanha juntas
O Pará foi o estado brasileiro que mais registrou novos casos em 24 horas: foram 3.449, sua segunda maior alta em toda a pandemia. Em seguida estão Ceará (1.667), Minas Gerais (1.559) e o Distrito Federal (1.381) — neste último os diagnósticos dobraram em 14 dias, chegando hoje a 28.521 no total.
Em que pese a subnotificação, o Nordeste é a região brasileira com mais diagnósticos (347.633), enquanto o Sudeste é quem mais perdeu vidas (22.051). Para efeito de comparação, os estados nordestinos somam mais diagnósticos do que França e Alemanha juntos — que combinam para cerca de 341 mil, segundo a Organização Mundial da Saúde.
A região Sul passou hoje das 1 mil mortes registradas (somam 1.034). No Centro-Oeste, região menos atingida pela pandemia, a covid-19 acelera: em apenas sete dias, tanto o número de casos quanto o de mortes aumentaram 48% (são 53.931 diagnósticos e 974 óbitos hoje).
Governo vê estabilização
O Ministério da Saúde apontou hoje que o Brasil está "a caminho da estabilização" de casos e óbitos provocados pelo coronavírus. Em entrevista coletiva no Planalto, o secretário de Vigilância da Pasta, Arnaldo Correia, exibiu números das semanas epidemiológicas recentes que mostram o país perto do "platô" na curva de contaminações. No entanto, o secretário afirmou que é necessário aguardar ao menos duas semanas para confirmar a tendência.
"Quando você olha a inclinação da curva epidemiológica de novos casos de covid-19 por semana no Brasil, dá a entender que nós estamos entrando em um platô. Que a inclinação da curva se encaminha para a estabilidade. É claro que essa tendência de uma estabilidade de novos casos a gente verificou da semana passada para a atual, que nós precisamos confirmar se essa tendência permanece com o passar dos próximos 15 dias, mas a gente já consegue perceber que talvez estejamos entrando num platô de novos casos", explicou o secretário.
Veículos se unem em prol da informação
Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa desde a semana passada e assim buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.
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