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OMS diz que desafio é aumentar produção de dexametasona, mas pede cautela

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom abordou a dexametasona durante entrevista coletiva em Genebra -
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom abordou a dexametasona durante entrevista coletiva em Genebra

Do UOL, em São Paulo

22/06/2020 13h04Atualizada em 23/06/2020 12h24

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, comemorou as recentes descobertas em relação aos efeitos da dexametasona no combate ao coronavírus. Ele afirmou, em entrevista coletiva do órgão realizada hoje, que o desafio é aumentar a produção do medicamento.

"Embora preliminar, a descoberta recente de que a dexametasona pode salvar pacientes de covid-19 em estado grave nos dá uma grande razão para comemorar. O desafio é aumentar a produção e distribuí-la rapidamente em todo mundo, focando onde é mais necessário", iniciou Adhanom.

Ele ressaltou a importância de uma distribuição inteligente, já que a dexametasona é utilizada para combater outros problemas de saúde.

"A procura aumentou após os resultados que demonstraram benefícios. Felizmente, o medicamento é barato e existem diversos produtores em todo o mundo que podem acelerar a produção. Os países devem trabalhar juntos para garantir que os medicamentos sejam destinados aos mais necessitados, além de garantir que esses suprimentos fiquem disponíveis também para tratar outras doenças."

O diretor-geral da OMS ainda pediu cautela no uso da substância, afirmando que ela "deve ser usada apenas para pacientes em estado grave sob supervisão clínica", já que "não há evidências de que este medicamento funcione para pacientes com sintomas leves ou como forma preventiva".

Em sua última fala na entrevista, Adhanom pediu "criatividade" para que os países consigam lidar com as crises sanitária e econômica ao mesmo tempo.

"Todos os países estão diante de um equilíbrio delicado: proteger suas pessoas, ao mesmo tempo em que minimizam os danos econômicos. Há escolhas, mas os países podem fazer ambas as coisas. Encorajamos as nações a serem criativas para encontrar formas de as pessoas seguirem suas vidas e ficarem protegidas", declarou.

Situação no Brasil

Michael Ryan, diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, abordou a situação do Brasil diante da pandemia e citou dificuldades no rastreamento dos números do país.

"Havia uma alteração de como os dados eram relatados, mas, se olharmos os casos em junho, eles se estabilizaram com uma redução aos finais de semana. Não sabemos se os dados recentes são artificiais ou a qual período estão associados. Na quarta e quinta, o número de casos estava abaixo do normal e agora temos um aumento de casos que está acima da média. Precisamos entender como os testes estão sendo realizados e relatados."

Ainda sobre o Brasil, a infectologista Maria Van Kerkhove, responsável técnica pelo time de combate à covid-19 da OMS, citou a necessidade de se ter dados mais específicos do país.

"O país dissemina o vírus de maneiras diferentes e isso pode ser visto entre várias cidades e províncias. É importante ir além disto e ver onde, de fato, a transmissão está ocorrendo: se é nos centros de saúde, associadas a eventos, dentro da população vulnerável (idosos, por exemplo)... Precisamos quebrar os números para entender o que está acontecendo", pontuou.

Aumento na África

Ryan aproveitou a coletiva para atualizar os números da África e mostrar preocupação com o aumento de casos — em menos de um mês, o continente dobrou seus registros de coronavírus.

"A situação é mista, já que é um continente bastante amplo. De maneira geral, os números estão aumentando, como na África do Sul, por exemplo. Lá, vimos um aumento grande no número de mortes", iniciou.

"A África ainda está evitando uma grande parte das mortes associadas à covid-19. Há questões importantes a serem consideradas: os testes não são tão frequentes, então pode haver subnotificação. Os hospitais não parecem estar sobrecarregados, mas há locais em que estão, como na Nigéria. Vimos também surtos nos campos de refugiados", concluiu Ryan.