Topo

Esse conteúdo é antigo

Com recorde no Sul e Centro-Oeste, país soma 56.109 óbitos, diz consórcio

Gabriela Sá Pessoa e Rodolfo Vicentini

Do UOL, em São Paulo

26/06/2020 19h13Atualizada em 26/06/2020 21h17

As regiões Centro-Oeste e Sul registraram hoje o maior número de novas mortes em decorrência da covid-19 desde o início da pandemia. Foram respectivamente, 96 e 74 óbitos que passaram a constar dos índices oficiais, revela levantamento realizado pelo consórcio de veículos de mídia do qual o UOL faz parte.

O número total de mortes na região Sul do país cresceu 29% na última semana, segundo esse levantamento. No Centro-Oeste, o aumento foi de 45,4%. Com isso, de acordo com os dados estaduais, o país já soma 56.109 óbitos em decorrência da covid-19 desde o início da pandemia. O número é levemente superior aos 55.961 informados no final da tarde de hoje pelo Ministério da Saúde.

Com o índice registrado hoje, o Centro-Oeste ultrapassou a região Norte (89 novos óbitos) e se tornou a terceira do país com mais confirmações de óbito em 24h. Sudeste (418 novos óbitos) e Nordeste (378) ainda lideram como as mais afetadas pelo novo coronavírus.

Embora tenha menos casos notificados do que o restante do país, os estados do Sul começam a demonstrar em suas curvas comportamento semelhante ao que ocorreu nas últimas semanas no Centro-Oeste, ou seja, de aceleração.

Em média, o Rio Grande do Sul registrou 17 novas mortes por dia na última semana, valor 36% maior do que a semana anterior. A média de Paraná foi de 19 óbitos diários (6% a mais que os sete dias anteriores) e de Santa Catarina, 9 (49%).

Três estados do Centro-Oeste tiveram o maior percentual de crescimento do número total de mortes no país desde a última sexta-feira (19). Mato Grosso soma 504 mortes e registrou, em média, 22 novos óbitos por dia na última semana. Goiás contabiliza 425 vítimas, com média diária de 17 novos registros. No Mato Grosso do Sul, 65 pessoas já morreram em decorrência da covid-19, são, em média, 3 por dia.

Na região, o maior número de óbitos foi registrado no Distrito Federal: 532. Esse número é 34% maior do que o total de vítimas até a última sexta-feira (19) e, desde então, 19 pessoas, em média, morreram no DF com diagnóstico confirmado de coronavírus.

Passados quatro meses após o primeiro caso de coronavírus confirmado, 1.279.054 pessoas já foram diagnosticadas com covid-19 segundo os dados das secretarias estaduais de saúde, com 46.907 que passaram a figurar nas estatísticas oficiais hoje. Pela conta do governo federal, são 1.274.974, com 46.860 novos diagnósticos oficializados.

Desse total, 697.526 pessoas já se recuperaram da doença enquanto mais de 521 mil seguem em acompanhamento, informa o Ministério da Saúde

Fiocruz não vê redução de transmissão

Uma análise dos pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) aponta que nenhum estado apresenta até agora sinais de redução da transmissão de covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, permanecendo com um alto número de casos e mortes, apesar de a última semana já ter registrado números recordes.

De acordo com os cientistas, esse cenário pode configurar um platô, patamar alto de transmissão que "pode se prolongar indefinidamente".

Os pesquisadores apontam ainda para o risco de flexibilizar o isolamento social nas grandes metrópoles ao passo em que aumenta a interiorização da epidemia.

Usando Pernambuco como exemplo, a análise mostra que a epidemia de coronavírus cresce nos municípios mais dependentes do sistema de saúde das grandes cidades, que correm o risco de ficarem novamente saturados por pacientes de localidades menores.

Veículos se unem em prol da informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa desde a semana passada e assim buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.