Taxa por milhão usada por Bolsonaro dificulta entendimento da covid no país
Resumo da notícia
- Índice é usado para problemas crônicos, e não agudos, como uma epidemia que você espera mitigar
- Métrica, pouco usada em outros países e entidades de saúde pública, é pouco segura para medir o estágio de uma epidemia
- Nem toda a população tem mesma exposição ao vírus e países enfrentam momentos diferentes de contaminação
- Subnotificação e brutal diferença de taxas que temos entre os estados também são problemas
- Para especialistas, além de ineficaz, taxa induz a entendimentos equivocados sobre a epidemia
O placar da vida que diariamente é usado pelo governo federal faz uma contagem de mortes por milhão para justificar que o Brasil estaria bem no ranking internacional de combate à covid-19.
O nosso país hoje apresenta uma taxa de 262 mortes por milhão, mas com intensas variações entre os estados: no Amazonas a taxa (659 óbitos por milhão) é quase 30 vezes a de Mato Grosso do Sul (22 óbitos por milhão). Com isso, segundo o ranking da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, o Brasil apareceria na lista atrás de países bem menos populosos, como Andorra, San Marino e Bélgica.
Mas até que ponto essa métrica — pouco usada em outros países e entidades de saúde pública — é segura para medir o estágio de uma epidemia e sua intensidade em comparação a outros locais?
O UOL já havia publicado reportagem sobre o tema em abril, alertando que essa taxa necessitava de cuidados de interpretação, logo após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) publicar uma comparação do Brasil com outros países com base no índice.
O Ministério da Saúde, contudo, continua a usar o dado, que colocou o país na 17ª posição no ranking por óbitos ontem. Segundo a Johns Hopkins, contudo, com 57.070 mortes, somos o segundo mais afetado, atrás apenas dos EUA, que contabilizam 125.504.
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