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Sem titular há 51 dias, Saúde omite total de mortes por Covid-19 nas redes

Ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello - ADRIANO MACHADO
Ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello Imagem: ADRIANO MACHADO

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília*

05/07/2020 14h04Atualizada em 05/07/2020 18h47

Há 51 dias sem ministro titular na Saúde - e com Eduardo Pazuello como interino -, o governo Jair Bolsonaro (sem partido) continua omitindo, desde a saída de Nelson Teich, os números totais de mortos por coronavírus em redes sociais.

As publicações do governo no Twitter e Facebook favorecem a divulgação de "brasileiros salvos", "em recuperação" e indica o número total de casos, com rankings comparativos com outros países. Já o indicativo de mortes apresenta o número de óbitos por milhão, e não os dados totais.

O Brasil é o segundo país com mais mortes por Covid-19, atrás apenas dos EUA, mas no índice de mortes por 1 milhão, divulgados nas redes pelo governo, aparece em 15º.

Em junho, o governo passou a atrasar a divulgação dos dados. À época, Bolsonaro chamou a TV Globo de "TV funerária" e disse "acabou matéria no Jornal Nacional". Na ocasião, o Ministério da Saúde mudou a forma de apresentar os dados totais de casos confirmados, mortes e curvas de infecção por região —a pasta começou a mostrar apenas os dados referentes às últimas 24 horas, omitindo os registros totais.

Os números voltaram a ser divulgados após decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Essas informações são divulgadas diariamente nas redes sociais pelo "Placar da Vida" do governo federal. O novo formato foi criado após o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) dizer que os veículos de imprensa "só mostram caixão", em abril. A partir de 18 de maio, as postagens do Ministério da Saúde compartilham nas redes esses informativos.

Os dados encaminhados diariamente à imprensa e publicados no portal do governo mantêm os indicadores de óbitos totais e aumento nas últimas 24 horas.

Anteriormente, os dados divulgados indicavam o total e os novos casos de óbitos registrados nas últimas 24 horas. Esse tipo de informação era divulgado anteriormente pelo governo e é utilizado nas publicações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Publicação do boletim diário, em 18 de maio:

Publicação do boletim diário em 4 de julho:

O Brasil registrou 1.111 novas mortes em decorrência da covid-19 em 24 horas de sexta para o sábado, segundo o consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte. Assim, o total chegou a 64.365 óbitos —100 a mais que o divulgado pelo Ministério da Saúde, que apontou 64.265 mortes no total e 1.091 novos óbitos. Foi o quinto dia seguido que o país ultrapassou as mil mortes diárias. Os dados foram divulgados ontem.

Sem titular

É a primeira vez desde 1953 que o ministério fica tanto tempo sem um titular. Naquele ano, Antônio Balbino comandou de agosto a dezembro a pasta interinamente, enquanto também era chefe do Ministério da Educação (MEC). As duas pastas haviam acabado de se separar.

Em 2020, o general Eduardo Pazuello foi pinçado do "banco de talentos" das Forças Armadas para entrar no Ministério da Saúde. Primeiro, ele ocupou o cargo de secretário-executivo na gestão de Teich. Neste período já era apontado por secretários locais como o verdadeiro ministro da Saúde. Com a saída do titular, passou a ocupar o cargo de interino.

Outro lado

O Ministério da Saúde informou que publica diariamente em suas redes sociais o link do "Painel Cornavírus". O endereço direciona para página covid.saude.gov.br, que apresenta os relatórios completos e todas informações da doença no país.

"Diariamente, as informações sobre casos e óbitos também são enviadas por lista de transmissão a mais de 500 jornalistas assim que o boletim do dia é consolidado. Os dados também são publicados na página principal do site do Ministério da Saúde.

A pasta, assim, vem garantindo transparência sobre os dados disponíveis sobre a doença e sua distribuição em território nacional", informou, em nota.

"Diariamente, as informações sobre casos e óbitos também são enviadas por lista de transmissão a mais de 500 jornalistas assim que o boletim do dia é consolidado. Os dados também são publicados na página principal do site do Ministério da Saúde", completou.

*Com Estadão Conteúdo