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Ex-secretário de Mandetta defende que vacina da covid-19 não tenha patente

Do UOL, em São Paulo

17/07/2020 16h31

Wanderson de Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde e um dos principais auxiliares do Ministério da Saúde durante o comando de Luiz Henrique Mandetta, defendeu hoje que a vacina para a covid-19 não tenha patente.

De acordo com Wanderson, sem a patente, outras empresas poderiam produzir a vacina contra o novo coronavírus e beneficiar mais pessoas.

"A gente está falando de uma vacina muito crítica. Eu creio que as empresas e governo que estão botando dinheiro nisso exigissem que não tenha patente. Assim como o doutor [Albert] Sabin desenvolveu a vacina contra poliomielite não colocou patente e beneficiou milhares de pessoas. Quanto mais empresas produzindo a mesma vacina de qualidade, maior a capacidade de protegermos e de voltarmos a ter uma economia pujante, crescimento econômico e estabilidade", afirmou em participação no UOL Entrevista.

Wanderson elogiou as duas vacinas presentes no Brasil. A primeira, do Instituto Butantan, é desenvolvida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. Já a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) firmou acordo de cooperação para desenvolver a vacina criada pela Universidade de Oxford.

"Vacina é um assunto complexo. A vacina do Instituto Butantan e da Fiocruz são promissoras. No entanto, não temos certeza se estas serão as melhores vacinas. A vacina que eu desejo é que seja em uma dose, que seja destilada no nariz, que não precise de injeção, que seja mantida em temperatura ambiente para que pudesse ser transportada para qualquer lugar do Brasil, que precise menos de uma cadeia logística completa, isso é a vacina ideal", afirmou Wanderson.

"Agora, essas vacinas que estão postas estão ainda numa fase em que precisamos dar tempo ao tempo. Vi recentemente fala do [Anthony] Fauci (principal especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos), ele colocando que a previsão para os EUA é de disponibilidade apenas para março e abril. Temos etapas a serem cumpridas, estamos superbem. Fiocruz e Butantan são excelências de pesquisa, representam muito bem o Brasil. Segundo, ter a vacina desde já e começar a discutir o escopo de aquisição e público alvo, fazer seminários, webnários. Outra questão é a escala. Uma vez que tenho a vacina, quem vai produzir, quanto vai custar. Eu acho que o Brasil deveria liderar uma discussão para que não seja colocada patente nessas vacinas", acrescentou.