AMB defende autonomia do médico e fim de "dérbi" sobre hidroxicloroquina
A AMB (Associação Médica Brasileira) defendeu, por meio de uma nota oficial, a autonomia do médico em relação à prescrição da hidroxicloroquina como forma de combate à covid-19. A associação ainda pediu o fim do que chamou de politização sobre o medicamento, que não tem eficácia comprovada para o combate do novo coronavírus.
Não há referência direta, mas a posição da AMB vai na contramão de uma manifestação da Sociedade Brasileira de Infectologia na sexta-feira (17), alertando que o país deveria retirar "imediatamente e com urgência" a hidroxicloroquina de todas as fases do tratamento da covid-19. A cobrança foi escrita com base em estudos recentes sobre a ineficácia da droga contra a doença.
A AMB, porém, diz na nota que, "até o momento, não existem estudos seguros, robustos e definitivos sobre a questão" e que "os holofotes da sociedade voltados para a pandemia, e em especial para a classe médica, por vezes acabam alimentando vaidades e ofuscando a percepção sobre a tênue fronteira entre o campo técnico-científico e o campo político/ideológico/partidário".
"Médicos, entidades, políticos, influenciadores e palpiteiros seguem monitorando estudos sobre o uso de hidroxicloroquina em pacientes acometidos pela covid-19. Uns procurando provas de que se trata da salvação. Outros, de que é puro placebo. Ou pior: veneno (mesmo diante do fato de que os efeitos adversos são limitados e conhecidos há mais de cinco décadas). Muitos sairão da pandemia apequenados, principalmente médicos e entidades médicas que escolherem manipular a ciência para usá-la como arma no campo político-partidário",diz a nota.
Neste contexto, a AMB faz uma defesa em relação à autonomia do médico em prescrever, com o consentimento do paciente, intervenções não comprovada se, no julgamento do médico, oferecer esperança de salvar vidas, restabelecer a saúde ou aliviar o sofrimento.
"O dérbi político em torno da hidroxicloroquina deixará um legado sombrio para a medicina brasileira, caso a autonomia do médico seja restringida, como querem os que pregam a proibição da prescrição da hidroxicloroquina. Essa restrição vai contra a própria Declaração de Helsinque", diz a nota
Ainda segundo a AMB, "o uso off label (fora da bula) de medicamentos é consagrado na medicina, desde que haja clara concordância do paciente. E que, sem a prática do off label, diversas doenças ainda estariam sem tratamento".
Na conclusão, a AMB diz que "não se pode permitir que ideologias e vaidades, de forma intempestiva, alimentadas pelos holofotes, nos façam regredir em práticas já tão respeitadas".
"Não se pode clamar por ciência e adotar posicionamentos embasados em ideologia ou partidarismo, ignorando práticas consolidadas na medicina. Isso é um crime contra a medicina, contra os pacientes e, sobretudo, contra a própria ciência", diz a nota.
O artigo foi compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que é um defensor da hidroxicloroquina como possível tratamento da covid-19. Infectado pelo novo coronavírus, Bolsonaro tem usado o medicamento que não tem eficácia comprovada.
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