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Governo de SP assina contrato para ter 46 milhões de doses da CoronaVac

Felipe Pereira, Andréia Martins e Rafael Bragança

Em São Paulo

30/09/2020 12h55

O governador de São Paulo João Doria (PSDB) assinou o contrato do governo estadual com o laboratório chinês Sinovac para o fornecimento do primeiro lote da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com os chineses. Segundo o acordo, São Paulo receberá 46 milhões de doses até dezembro.

O contrato foi assinado durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Além de Doria, o diretor do Butantan, Dimas Covas, e Weining Meng, vice-presidente mundial do Sinovac, também assinaram o documento. O momento foi considerado "histórico" pelo governador.

Doria disse que a intenção é começar a campanha de vacinação para profissionais da saúde no estado em 15 de dezembro. Mas, para isto ser possível, a CoronaVac precisa da aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"Vamos assinar aqui o contrato de fornecimento dessas 46 milhões de doses da vacina e também a transferência dessa tecnologia do Sinovac para o Instituto Butantan, que muito em breve estará produzindo a vacina aqui na nova fábrica da vacina do Butantan", declarou Doria pouco antes da assinatura.

Das 46 milhões de doses, seis milhões virão da China prontas e as outras 40 milhões serão produzidas em São Paulo pelo Butantan. Há também um entendimento para o fornecimento de outras 14 milhões de doses no ano que vem. Para ficar imunizado, cada indivíduo precisa de duas doses que são aplicadas num intervalo de duas semanas.

"O contrato garante o fornecimento das 46 milhões de doses agora para dezembro e [existe entendimento de] mais 14 milhões de doses até fevereiro de 2021, totalizando assim 60 milhões de doses contra a covid-19", completou o governador sobre o contrato assinado no valor de US$ 90 milhões (cerca de R$ 505 milhões).

Já o vice-presidente mundial do Sinovac afirmou que a intenção do laboratório chinês é que a vacina produzida em parceria com o Butantan traga de volta à normalidade não só a população de São Paulo, mas de todo o país. O estado tem medidas de restrição em vigor por causa da pandemia do novo coronavírus desde março.

"Trabalhando junto com o Butantan nosso alvo é simples: trazer vacinas suficientes ao Brasil. Uma vacina acessível para beneficiar todo mundo no país. Esperamos no futuro, junto com a nossa vacina há outras contribuições, permitir que as pessoas voltem à vida normal, tirem as máscaras e tenham uma vida mais feliz", disse Meng.

A CoronaVac ainda não tem um acordo fechado para fornecimento do imunizante pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas o governo paulista acredita na concretização das negociações junto ao Ministério da Saúde.

"Não vejo razão para que o ministro da Saúde não atue nesse sentido", disse Doria, que conta com a ajuda financeira do governo federal para trazer as 14 milhões de doses adicionais até fevereiro. No entanto, o governador antecipou que, em caso de negativa do Ministério da Saúde, o próprio estado arcará com os custos de todas as 60 milhões de doses.

Vacina segura

Apesar de ainda não ter concluído no Brasil os testes de fase 3, que asseguram a eficácia da vacina, a CoronaVac já se mostrou segura em testes de fases anteriores, de acordo com os representantes dos laboratórios que participaram da coletiva. Na China, mais de 50 mil voluntários foram testados e apenas 5,36% apresentaram efeitos adversos.

No Brasil, os estudos da fase 3 devem ter participação de 13 mil voluntários. Segundo Dimas Covas, até agora já são 7 mil pessoas vacinadas com a CoronaVac no país. O cronograma é terminar esta etapa em 15 de outubro e submeter os dados à Anvisa.

A agência deve acelerar a análise e o diretor do Butantan trabalha com a previsão de que o parecer seja concluído até novembro.

"Esperamos que até o final de novembro esses dados estejam disponíveis para permitir o registro da vacina", afirmou Dimas Covas.

CoronaVac pode ser mais barata

O representante do Sinovac lembrou que a produção no próprio país, feita pelo Butantan, pode ajudar a baratear o imunizante.

"O Brasil é um país grande, tem uma população de 200 milhões de habitantes, precisa de bastante vacina e com uma produção local consegue fazer isso, deixando o preço mais acessível", afirmou Meng.