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Diretor do Butantan se preocupa com logística da vacina contra a covid-19

Dimas Covas, diretor-geral do Instituto Butantan - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Dimas Covas, diretor-geral do Instituto Butantan Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Felipe Pereira, Beatriz Sanz e Rafael Bragança

De São Paulo

02/10/2020 14h08

Dimas Covas, diretor-geral do Instituto Butantan, demonstrou preocupação hoje com a logística de distribuição que será necessária para uma futura campanha de vacinação contra a covid-19. Ele mencionou a falta de debate sobre o tema, que pode impactar o quão rápido um imunizante contra a doença causada pelo novo coronavírus chegará a boa parte da população brasileira.

"É um problema que não tem sido mencionado", afirmou Dimas Covas durante entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.

O Butantan está à frente do projeto da CoronaVac, vacina desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O imunizante é uma bandeira do governo paulista, mas pode chegar a demais estados por meio de um acordo que está em negociação com o Ministério da Saúde.

"Para atender o Brasil, com dimensões continentais, tem que prever como a vacina vai chegar na ponta. Precisa ser transportada de forma adequada. A temperatura de transporte é importantíssima", acrescentou o diretor.

Para Dimas Covas, que está à frente do maior produtor de vacinas do Brasil, o imunizante contra a covid-19 é "diferente de outras vacinas" por ter "outro perfil de conservação e transporte".

Até agora, o governo do estado de São Paulo já assinou um contrato com o Sinovac para o fornecimento de R$ 46 milhões de doses da CoronaVac até dezembro. No entanto, o acordo prevê ainda 14 milhões de doses adicionais, previstas para fevereiro. Este montante deve ficar reservado para a distribuição pelo SUS (Sistema Único de Saúde), já que o primeiro lote é suficiente para imunizar praticamente toda a população paulista.

Quem será vacinado primeiro?

Na primeira etapa da vacinação em São Paulo, prevista para 15 de dezembro, é esperado que profissionais da saúde sejam os primeiros a receber uma dose da CoronaVac. No entanto, ainda não foi esclarecido pelo governo paulista quais serão os demais grupos prioritários.

João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, detalhou melhor hoje quais devem ser as prioridades no início da vacinação.

"Essa definição de quem deve receber vacina vai respeitar critérios técnicos. Profissionais mais suscetíveis de contrair a doença, polícia, professores, trabalhadores da área da saúde. Os grupos que adquirindo o vírus podem manifestar a doença de forma mais grave, idosos, pessoas imunodeprimidas", listou Gabbardo.

"Não existe como fazer priorização por poder econômico. Qualquer produto é universal, para toda a população", completou.