Bolsonaro politizou vacina, diz Doria após Saúde ignorar vacina do Butantan
O governador de São Paulo João Doria (PSDB) afirmou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "politizou" a vacina contra a covid-19. A declaração veio um dia após o ministro da Saúde Eduardo Pazuello apresentar um cronograma para a vacinação contra a doença causada pelo novo coronavírus e ignorar a CoronaVac, imunizante que é desenvolvido e testado pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
"Eu não politizo nem o vírus nem muito menos a vacina. Lamentavelmente, quem politizou, quem colocou ideologia e uma visão política foi o presidente Bolsonaro", disse Doria em entrevista à rádio CNN. "Tudo o que não queremos é politizar a vacina e adiar a (sua) aplicação", completou o governador em outro momento.
A ideia do governo de São Paulo, que controla o Butantan, é de que o Ministério da Saúde fique responsável pela distribuição da CoronaVac em outros estados do país. A vacina paulista está na última fase de testes de eficácia, que se encerra nos próximos dias.
"Já na semana que vem estaremos protocolando todos os resultados da vacina CoronaVac com médicos e enfermeiros nesses sete estados brasileiros", antecipou Doria, lembrando os estudos de fase 3 que estão sendo feitos com profissionais da saúde em São Paulo e mais seis estados.
"A vacina não pode ter uma visão politizada, partidarizada, ou colocar num contexto eleitoral por quem quer que seja, pelo governo federal, pelo Ministério da Saúde e pela própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que será responsável pelo registro das vacinas contra a covid-19)", reforçou o governador paulista.
Reunião decisiva
Doria voltou a citar hoje uma reunião marcada para a próxima quarta-feira (21) como fundamental para a decisão se o Ministério da Saúde fará ou não a distribuição da CoronaVac, assim como já faz com outras vacinas produzidas pelo Butantan, como os imunizantes contra a gripe.
O governador afirmou que estará presente ao encontro em Brasília "para propor ao ministro definitivamente e obter dele, espero, que a palavra positiva de que o Ministério da Saúde vai distribuir a vacina CoronaVac para outros estados brasileiros".
Além da Saúde, Doria também disse que vai conversar pessoalmente com Antônio Barra, diretor da Anvisa, para que o registro da vacina do Butantan não atrase o planejamento inicial do governo paulista, que é de começar a vacinar profissionais da saúde em 15 de dezembro.
"Quero olhar no olho do almirante Antônio Barra e ter a convicção e certeza que a conduta da Agência será republicana e científica", disse Doria.
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