Pesquisador da Fiocruz vê possibilidade de vacina para idosos no Brasil
O pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, disse hoje que os resultados dos estudos de eficácia da vacina de Oxford podem ajudar o Brasil a pensar em um imunizante contra a covid-19 voltado especialmente para os idosos, que estão no grupo de risco da doença causada pelo novo coronavírus. Hoje, foi divulgado que o imunizante demonstrou uma resposta imunológica "robusta" entre idosos.
A vacina de Oxford é desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, ela tem os estudos de eficácia coordenados pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e será produzida pela Fiocruz se aprovada. O imunizante já conta com um investimento bilionário prometido pelo governo federal.
Ao lado da vacina de Oxford, a CoronaVac é a outra vacina contra a covid-19 que deve ser distribuída pelo Ministério da Saúde. O imunizante é desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac e terá 6 milhões de doses compradas pelo governo federal, conforme anúncio feito na sexta-feira (23) pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"Se uma dessas vacinas for mais importante nos idosos e mostrar uma proteção maior, pode ser feita uma escolha, se o Brasil tiver essa opção, é importante trabalhar com opções, para que seja feita uma vacina que tenha uma melhor resposta em idosos e uma vacina que tenha uma melhor resposta em adultos jovens, por exemplo", disse Croda em entrevista à CNN Brasil.
O pesquisador comentava sobre um possível cenário de "registro emergencial" das vacinas por parte da Anvisa. Como a CoronaVac também vem tendo resultados promissores nos estudos, a vacina de Oxford poderia ser aplicada em idosos, enquanto o imunizante do Butantan seria destinado a adultos e jovens.
"Muito forte, muito potente"
As prévias do estudo de eficácia da vacina de Oxford foram motivo de comemoração por parte de Soraya Smaili, reitora da Unifesp. Ela afirmou que a boa resposta imunológica em idosos indica que o imunizante deve ser eficaz na produção de anticorpos em outras faixas etárias.
"Ela produz uma resposta imunológica muito forte, muito potente", disse Soraya à CNN Brasil.
"Inicialmente, é uma notícia muito boa, claro, porque temos um resultado muito promissor num grupo da população, que são as pessoas mais idosas, e isso reforça o fato de que a candidata a vacina tem a capacidade de produzir anticorpos nas pessoas, não só nos jovens", completou.
"As pessoas com mais idade muitas vezes não têm a mesma resposta imunológica", explicou a reitora da Unifesp, lembrando que "o sistema imunológico sofre com o processo de envelhecimento".
A reitora da instituição que coordena os estudos do imunizante no Brasil manteve a cautela, porém, ao comentar sobre a possível duração da imunidade provocada pela vacina.
"Ainda não sabemos se ela produz anticorpos de longo prazo", disse. "O que vamos saber agora com a fase 3 [dos estudos], esses resultados sendo colhidos, é quanto tempo dura a resposta imunológica", acrescentou Soraya.
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