Uma pesquisa não pode parar por qualquer evento, diz coordenador da Conep

O coordenador da Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), Jorge Venâncio, disse que é contrário à suspensão de pesquisas diante de qualquer tipo de evento adverso. Em entrevista à CNN Brasil, Venâncio explicou porque recomendou a continuidade dos estudos com a vacina CoronaVac após ser informado pelo Instituto Butantan sobre a morte de um voluntário.
Na segunda-feira (09), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou a suspensão dos testes - a retomada foi confirmada hoje - alegando que um "evento grave adverso" havia sido constatado. O Conep recebeu a mesma informação do que a agência, mas procurou o Instituto Butantan para esclarecer a situação antes de tomar uma decisão. O imunizante contra a covid-19 é desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o instituto.
"Nós recebemos na Conep a comunicação do evento adverso na sexta-feira (6) e avaliamos que as informações estavam insuficientes. Mas a providência que tomamos foi montar imediatamente uma audiência com os pesquisadores, feita na sexta-feira à noite. Não só dissemos quais eram os documentos que eram necessários a ser acrescentados, mas na conversa, com o conjunto de dados que foram trazidos, ficou claro que o evento adverso não tinha relação com a vacina, então não se justificava a suspensão do estudo", disse.
"Você não pode suspender a pesquisa por qualquer tipo de evento adverso. Quando você está testando uma quantidade de dezenas de milhares de pessoas, você tem uma quantidade de eventos muito grande. Correto é suspender quando você tem um evento relacionado com o que está sendo testado ou quando há dúvidas se esta relação existe ou não. Se a coisa manifestamente não tem relação, no nosso modo de ver não é um caso de suspensão da pesquisa", completou.
A Conep é responsável pela avaliação ética de pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil. Para que uma pesquisa científica seja feita no Brasil, é preciso de autorização tanto da Anvisa quanto da Conep, órgão ligado ao CNS (Conselho Nacional de Saúde), sob o guarda-chuva do Ministério da Saúde.
Enquanto a Conep tem por foco proteger quem participa da pesquisa, a Anvisa busca salvaguardar quem vai consumir o produto pesquisado. Sem a aprovação de uma entidade ou de outra, os testes não podem continuar.
Segundo apuração do UOL, a morte do voluntário foi registrada como suicídio. "Nós também tivemos dúvidas no primeiro momento, mas a solução foi montar audiência e conversar para pegar mais dados. Esse foi o caminho e que era possível de ser realizado. Hoje você monta uma reunião virtual, uma audiência em meia hora", disse Jorge Venâncio.
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