Centro de contingência sugeriu aumentar restrições e Doria preferiu esperar
O coordenador executivo do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo, João Gabbardo, afirmou que ontem o comitê recomendou ao governador João Doria (PSDB) a adoção de medidas mais restritivas no enfrentamento da pandemia de covid-19. No entanto, Doria avaliou que as sugestões já seriam contempladas pelo Plano São Paulo, o programa que regula o funcionamento das atividades econômicas no estado e que terá uma nova reclassificação na segunda-feira (30), dia seguinte ao segundo turno das eleições municipais. Atualmente, 76% da população paulista está na fase verde, a segunda menos rigorosa.
"O Centro de Contingência aprovou por maioria enviar para o governo do estado algumas recomendações de aumento de restrições e algumas medidas que poderiam ser tomadas pelo governo do estado. O governo recebeu essas recomendações ontem e entende que essas sugestões estão embutidas dentro do Plano São Paulo e que serão anunciadas na próxima segunda-feira", afirmou Gabbardo durante entrevista coletiva sobre a pandemia no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
O coordenador do Centro de Contingência, José Medina, disse que as recomendações envolviam a restrição de atividades de lazer noturno. As autoridades de saúde estão preocupadas porque entendem que o aumento de casos e internações ocorre porque jovens vão para festas, pegam a doença e transmitem para pais e avós. Por este motivo, é analisada a possibilidade de bares e restaurantes fecharem mais cedo. Hoje, o limite é até 22h.
"Essa é uma sugestão, uma sugestão de restrição das atividades de lazer, mas preservar as outras atividades [como educação]. Mas isso precisa ser mais discutido com os outros setores", observou Medina.
Regressão de fase
Autoridades de saúde ouvidas pelo UOL, no entanto, ressaltaram que se uma região em fase verde sofrer regressão, terá que respeitar as regras da fase em que for enquadrada.
Por exemplo, se uma cidade que está na fase verde retornar à fase amarela, terá que adotar maior limitação de horário de funcionamento e capacidade de receber clientes em estabelecimentos como bares, restaurantes, comércio de rua, shoppings, academias e salões de beleza.
Mas o secretário estadual de Saúde Jean Gorinchteyn declarou que, pelos dados de hoje, não haveria mudança no Plano São Paulo. Ele também disse que não hesitará em adotar as medidas necessárias.
"Eu quero reforçar que o Plano São Paulo vem baseado nos índices da [Secretaria de] Saúde. Os índices que mostramos agora não justificariam essas medidas mais restritivas. A qualquer instante que sentirmos que a vida está ameaçada, [falta de] disponibilidade de leitos de UTI e respiradores, assim faremos [impor medidas mais restritivas]", afirmou.
De acordo com os dados apresentados em entrevista coletiva, a situação é pior na capital, onde, em comparação com os últimos 30 dias, houve crescimento de 46,5% no número de casos e de 14,4% nas internações. As mortes por consequência da covid-19, porém, caíram 0,4% na cidade.
O índice de ocupação dos leitos de UTI é de 50% no estado e de 57,2% na Região Metropolitana de São Paulo.
Lazer na mira
No começo da pandemia, as escolas estavam no grupo das primeiras atividades a sofrerem o impacto da quarentena. Agora, a estratégia do governo é outra e pretende preservar a educação.
"No início da pandemia, uma das primeiras restrições que foi feita foi a atividade escolar. Agora, se tiver que fazer, vai ser concentrada nas atividades de lazer, tentando ao máximo preservar a atividade escolar", acrescentou Medina.
A reclassificação agendada para o dia seguinte ao segundo turno acontecerá nos mesmos moldes que o governo paulista já vem adotando, com tratamento diferenciado para as várias regiões do estado.
"Nós não concordamos que o estado tenha que ser colocado na mesma fase, que se dê o mesmo tratamento para cenários epidemiológicos diferentes. O Plano São Paulo se destacou justamente por isso, dar diferentes tratamentos epidemiológicos para cenários diferentes", disse Gabbardo.
Capital em risco de ser rebaixada
A cidade de São Paulo está na fase verde, mas existe um risco de ser reenquadrada na fase amarela. Um dos critérios estabelecidos pelo Plano São Paulo é o número de internações por 100 mil habitantes. O município alega que sua situação é de estabilidade, mas admite que cidades próximas têm aumento de casos e internações.
Ocorre que o modelo atual do Plano São Paulo não trata a cidade de forma individual. Todos os municípios da região metropolitana são avaliados em conjunto. Como o ABC é um dos locais com aceleração da pandemia, a capital pode sofrer regressão. Outra região na mesma situação é a Baixada Santista.
Por causa deste cenário, o secretário de Saúde da cidade de São Paulo, Edson Aparecido, participou de uma reunião com o governo de São Paulo na manha desta quinta. Ele manifestou contrariedade com uma eventual volta à fase amarela porque o município teria bons indicadores e sofreria com o problema de vizinhos.
Mais quatro etapas de inquérito sorológico na capital
Também na coletiva, logo após anunciar um novo inquérito sorológico, Edson Aparecido disse que a Prefeitura de São Paulo realizará uma avaliação de sororreversão para identificar a incidência de anticorpos contra a covid-19 na população paulistana.
De acordo com ele, a avaliação será feita entre os dias 8 e 10 de dezembro com 1.097 pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus anteriormente.
"Isso é uma iniciativa inédita no sistema de saúde público do país e vai nos permitir mantermos o controle que nós temos tido hoje da pandemia na cidade", afirmou.
Segundo a Prefeitura, a sororreversão tem o objetivo de avaliar se pessoas que foram infectadas permanecem com anticorpos contra o novo coronavírus.
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