Morcegos têm outros coronavírus que podem infectar humanos, alerta chinesa
Shi Zhengli, importante virologista chinesa, fez um alerta para o mundo: existem morcegos com outros tipos de coronavírus que podem infectar humanos, no sul da Ásia.
O recado foi feito em um seminário virtual, com presenças de autoridades de diversos países e da OMS (Organização Mundial da Saúde). O jornal inglês The Guardian divulgou as declarações. Shi trabalha no Instituto de Virologia de Wuhan, que identificou os primeiros casos de infecção do Sars-Cov-2, que causa a covid-19.
Segundo Shi, não devemos procurar morcegos com coronavírus apenas na China, "mas também em países do sul da Ásia".
A equipe dela publicou uma análise em outubro, indicando que outros coronavírus podem ser capazes de invadir células humanas - uma descoberta que Shi descreveu como "muito surpreendente".
A virologista afirmou que "esses vírus apresentam um alto risco de transmissão entre espécies para humanos". Segundo ela, para evitar que isso se torne um problema pior, é preciso atenção maior na relação entre os homens e os animais.
Origem do novo coronavírus
Esse seminário virtual foi organizado porque duas equipes internacionais, uma da OMS e outra da revista médica Lancet, estão investigando as origens da pandemia da covid-19.
Quando a pandemia começou, foi divulgado que o coronavírus foi transmitido inicialmente de morcegos para humanos em Wuhan, o que não está confirmado. Sequer há comprovação de que a primeira infecção aconteceu na China. Shi entende que essas equipes devem investigar a China, mas não só. Ela alerta que o coronavírus pode ter vindo de pangolins importados, que teriam infectado os morcegos ou diretamente os humanos.
O virologisa Edward Holmes, da Universidade de Sydney, disse ao The Guardian que o vírus pode ter ficado em humanos por meses antes de ser relatado na China.
"É perfeitamente possível que o evento inicial de transmissão cruzada de espécies não tenha acontecido dentro ou ao redor de Wuhan", disse Edward Holmes.
No entanto, o professor David Robertson, que estuda vírus na Universidade de Glasgow, discorda e acredita que as investigações deveriam continuar focadas na China.
"Estamos bastante confiantes de que os pangolins pegaram o vírus de morcegos-ferradura, depois de serem importados para a China", disse Robertson.
Mais importante do que encontrar a origem do novo coronavírus, as equipes entendem que é preciso mapear o ecossistema que tornou possível a infecção de animais para humanos. Só assim será possível aprender como evitar esse cruzamento novamente.
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