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Plano de vacinação não tem informações sobre insumos, diz Atila Iamarino

O biólogo e pesquisador Atila Iamarino - Reprodução/TV Cultura
O biólogo e pesquisador Atila Iamarino Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

16/12/2020 17h52Atualizada em 16/12/2020 17h54

O biólogo e pesquisador Atila Iamarino afirmou que mesmo com o plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19 apresentado hoje pelo Ministério da Saúde, falta uma explicação sobre a logística e disponibilidade de insumos como seringas, algodão e agulhas para atender as demandas do país. A declaração foi feita pelo cientista durante uma entrevista para Globo News após o Ministério divulgar a estratégia de imunização nacional em um evento no Palácio do Planalto que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

"Essa preocupação deveria ser bastante importante, por exemplo, se nós estivéssemos começando com a vacina de RNA, que depende de uma cadeia de frio muito mais robusta, que não foi bem explicada, não foi explanada durante o pronunciamento. Se a vacinação que a gente tiver disponível aqui forem como a vacina de Oxford, da AstraZeneca ou a vacina que o Butantan está desenvolvendo, da Coronavac, ela encaixa muito bem no regime de distribuição com refrigeração no Brasil que já tem na campanha de vacinação", explicou o pesquisador durante uma entrevista que foi transmitida na Globo News.

Ao ser questionado sobre a efetividade do plano de vacinação, o pesquisador disse que os documentos disponibilizados no site do Ministério da Saúde, analisados por ele, apontavam para um plano com "bons critérios" devido à inclusão de grupos como quilombolas, indígenas, funcionários de instituições de ensino e população carcerária. Ao mesmo tempo, o cientista fez críticas ao pronunciamento do ministro Eduardo Pazuello, alegando que a grande expectativa era a apresentação do plano e o que há de importante nele.

"O plano parece abranger esses detalhes, mas isso não foi dito no pronunciamento. Sobre a grande necessidade, a cobrança, é porque as vacinas agora são um dos maiores feitos que a humanidade já fez, elas serem produzidas nesse curto intervalo de tempo. Mas isso é uma metade, a outra metade depende de essas vacinas estarem disponíveis no nosso braço, num posto de vacinação, o que demanda logística, preparo infraestrutura, uma campanha de educação e vacinação enorme pra população estar consciente para a importância de vacinas, o que não tem acontecido", esclareceu.

Sem clareza nos prazos

O ministro da Saúde questionou o tom de urgência da população relacionada à vacina, alegando que o Brasil é o maior fabricante da América Latina. "Para quê essa ansiedade, essa angústia?", perguntou. Em contrapartida, Atila disse que "faz muito sentido" cobrarem informações sobre a imunização ao ministro, uma vez que "a informação que a população tem recebido de autoridades tem sido muito contraditória nessa direção" e que "a gente não está vendo se movimentar para ser feita".

Para Atila Iamarino, os prazos do plano de imunização não ficaram claros. "Eu não entendi se o ministro misturou a aprovação e distribuição, aí a distribuição aconteceria em fevereiro, por demanda de logística e não de aprovação ou se o prazo conflita com o que foi anunciado essa semana mais cedo".