Búzios: Pousadas e hotéis esperam reverter cancelamento de reservas
Trabalhadores do comércio e das áreas de hospedagem e turismo da cidade turística de Búzios (RJ) comemoraram a decisão da Justiça de derrubar a liminar que determinava o fechamento de praias e estabelecimentos —incluindo hotéis e pousadas. O presidente do Tribunal de Justiça, Cláudio de Mello Tavares, atendeu a dois recursos protocolados ontem: um da Procuradoria do município e outro da Associação dos Empreendedores da cidade.
No texto, o desembargador disse que o fechamento da cidade "afeta o plano de retomada da economia local, e, como corolário, as previsões de retomada da economia buziana, voltada para o turismo dificultando a realização dos compromissos orçamentários e financeiros, causando prejuízos consideráveis a toda sociedade local, dado que a intervenção aumenta drasticamente as medidas restritivas", escreveu o presidente do TJRJ.
A decisão de fechar os estabelecimentos e mandar turistas a deixarem a cidade saiu na quarta-feira (16). A cidade teria de voltar para a bandeira vermelha (risco 3) de combate à covid-19. O município recorreu alegando que os estabelecimentos estariam cumprindo o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado no início da pandemia.
Funcionários de hotéis e restaurantes chegaram a realizar manifestações contra o fechamento dos estabelecimentos. Eduardo Carvalheda, 46, dono de um hotel localizado na Praia da Ferradura, uma das mais famosas da cidade, disse ao UOL que a derrubada da liminar foi uma vitória para o município de Búzios, mas que as pessoas precisam lembrar que a pandemia não acabou.
"Muito importante essa vitória da população de Búzios e pros hoteleiros também. Estávamos fazendo tudo certo desde o início da pandemia. A gente agora tem que acatar 70% de ocupação, fazer o distanciamento, sem fazer aglomeração. É importante que as pessoas entendam que não acabou a pandemia, não acabou o risco. Não pode ser tão radical de ter um lockdown, mas não pode ser negligente e não cumprir as normas de higiene e sanitária", comentou.
Proprietária de uma pousada perto da Praia de Geribá, Cássia Soares, 29, disse que "todo mundo está super feliz" com a decisão.
"O pessoal que estava na rua, fazendo as manifestações, já está voltando para os hotéis, para as pousadas, para o trabalho. Já estamos avisando a todos os clientes, que inclusive ficaram do nosso lado, a maioria manteve as reservas", afirmou. "Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são os principais para a gente. Então, se ficasse tudo fechado, com certeza muitas empresas iriam falir. Se a gente não conseguisse recuperar, agora em dezembro, o que já perdemos nesse ano todo por causa da pandemia, muitos teriam que fechar as portas, inclusive eu."
O presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Búzios, Thomaz Weber, 65, no entanto, reclama que houve "uma grande quantidade de cancelamentos de reservas" para o Natal, réveillon e janeiro. "A população estava sendo penalizada por uma falha do poder público executivo que não cumpriu com o TAC [Termo de Ajustamento de Conduta]. Agora temos um desafio enorme de recuperar o tempo perdido, o estrago já foi feito. Precisamos recuperar a imagem da cidade."
Com a suspensão, volta a valer o decreto de 10 de dezembro, que estabelece a ocupação máxima de 70% aos fins de semana e feriados e 50% nos outros dias, além de possibilitar a entrada de turistas mediante apresentação de QR Code.
Segundo o procurador do município de Búzios, Cássio Heleno, a Prefeitura cumpriu com o TAC e entregou todos os documentos necessários. O acordo previa a ampliação da rede de saúde do município para fazer frente ao aumento de casos de covid-19.
O prefeito em exercício, Henrique Gomes (sem partido), disse que a derrubada da liminar "é motivo de muita alegria e com certeza restabeleceu a paz de todos no município".
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