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Governadores cobram cronograma de vacinação da Saúde; pasta não diz data

O Ministério da Saúde, pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello, ainda não informou data para o cronograma de vacinação contra a covid-19 no país - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
O Ministério da Saúde, pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello, ainda não informou data para o cronograma de vacinação contra a covid-19 no país Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Guilherme Mazieiro, Luciana Amaral e Thaís Augusto

Do UOL, em Brasília e São Paulo

05/01/2021 17h39Atualizada em 05/01/2021 23h43

Governadores cobraram do Ministério da Saúde hoje um cronograma de vacinação contra a covid-19 para todo o país. A demanda foi feita em reunião por videoconferência com o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros. No entanto, até o momento, o ministério não informou uma data, segundo o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.

A reunião teve a participação dos governadores Wellington Dias (Piauí), Ronaldo Caiado (Goiás), Helder Barbalho (Pará), Waldez Góes (Amapá) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), informou o ministério.

No encontro, o secretário voltou a dizer que o governo prevê o início da vacinação ainda em janeiro, o ministério vai comprar todas as vacinas autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e que adotará critérios igualitários para a distribuição de doses aos estados.

Wellington Dias disse que Medeiros relatou "claramente que tinha dificuldade de fixar datas". Para Dias, o país hoje vive um jogo de empurra.

Medeiros relatou também esperar que o país conte com 2 milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em conjunto com a empresa farmacêutica AstraZeneca no 1º trimestre. Ou seja, até março.

A prioridade na ordem de vacinação deverá ser dada a profissionais na linha de frente ao combate da pandemia em hospitais e a moradores de instituições de longa permanência para idosos, segundo um participante à reportagem.

O Ministério da Saúde apresentou em 16 de dezembro o plano nacional de operacionalização da vacinação contra a covid-19 sem um calendário definido para a aplicação dos imunizantes. Até o momento, não há vacina registrada e liberada pela Anvisa —nenhuma empresa pediu o registro definitivo ou a autorização para o uso emergencial de uma vacina para a agência.

Wellington Dias, presidente do consórcio de estados do Nordeste e coordenador da temática de vacina no fórum nacional de governadores, pretende promover uma nova reunião com autoridades responsáveis pela vacinação contra a covid-19 na próxima segunda-feira (11).

Reunião entre governadores e Pazuello

Não é a primeira vez que governadores cobram o Ministério da Saúde por um cronograma de vacinação. Em dezembro, após a apresentação de um modelo preliminar do PNI (Programa Nacional de Imunização) contra a covid-19, os governadores se reuniram com o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, pedindo que o governo adquirisse "múltiplas vacinas", além de iniciar um plano de vacinação em massa.

Durante a reunião, feita por videoconferência, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) protagonizou momentos de tensão com Pazuello ao cobrar uma posição sobre a compra da CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

Em resposta, Pazuello afirmou que não descarta a compra, mas que o negócio só será fechado após o registro do produto pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e se houver demanda.

Doria, então, criticou a cobrança pelo registro da CoronaVac já que o governo fez investimentos de mais de R$ 1,2 bilhão na vacina AstraZeneca, além de cerca de R$ 800 milhões para ingressar no consórcio Covax Facility. Tanto a vacina de Oxford como os imunizantes que integram o consórcio não têm registro na Anvisa.

"Por que excluir a Coronavac já que o procedimento junto à Anvisa é igual ao da Covax e AstraZeneca?", questionou Doria. Ele disse que, em outubro, Pazuello prometeu a compra de 46 milhões de doses da Coronavac, mas teve de recuar após ser desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Infelizmente o presidente desautorizou o senhor, foi deselegante. Em menos de 24h, impediu que a sua palavra fosse mantida perante os governadores", disse Doria em outro momento da reunião.

Pazuello respondeu que o investimento na Covax Facility é para o desenvolvimento de vacinas. As doses só serão compradas, por meio do consórcio, após o registro na Anvisa, segundo Pazuello.

No plano inicial de vacinação, o governo federal não incluiu a CoronaVac. Aparecem listadas a vacina de Oxford, do laboratório AstraZeneca, a vacina da Pfizer/BioNTech, que já está sendo aplicada no Reino Unido e nos Estados Unidos, e o imunizante a ser disponibilizado pelo Covax Facility, uma aliança global por vacinas liderada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).