Setor privado não pode atrapalhar público, diz grupo especialista em vacina
A vice-presidente da SBIM (Sociedade Brasileira de Imunizações), Isabella Ballalai, afirmou que a entidade defende a cautela no debate sobre a vacina da covid-19 na rede privada no país.
"O que não pode é a iniciativa privada atrapalhar a pública. Entendemos que a prioridade é que todos tenham a vacina. Mas ter uma vacina na rede privada não quer dizer que a oferta seja diminuída na pública. Pelo que entendi, não é isso que iria ocorrer", diz.
A ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas) anunciou no domingo que negocia a compra de 5 milhões de doses da Covaxin, produzida por um laboratório na Índia, que serviriam para imunização em clínicas particulares de todo o país. A corrida privada pela vacina causa temor de que haja prejuízo à oferta na rede pública.
Ballalai lembra que, historicamente, redes pública e privada convivem de forma harmônica e até complementar no Brasil. "A rede privada fala com o PNI [Programa Nacional de Imunização, coordenado pelo Ministério da Saúde], segue o PNI; o programa nacional, por sua vez, considera a rede privada para calcular as doses. É uma conveniência boa, que precisa que continue boa porque a [vacinação] privada é legal no país há muito tempo; mas agora é uma situação nova, a gente nunca viveu uma calamidade dessas. E o privado vai ter de se ajustar, definir como cada clínica vai fazer."
Segundo a vice-presidente, é preciso ter cautela também sobre a vacina que a rede privada anunciou interesse. A forma veloz como o processo está sendo conduzido gerou receio de pesquisadores.
"Há dúvidas sobre a vacina que está na pauta, que tem muito chão ainda pela frente, sem apresentação dos seus dados finais de pesquisa; depois ainda precisa ir para a Anvisa, e isso leva um tempo. Nesse cenário atual, tudo ainda está sem definição; tem muita coisa para se discutir e para acontecer ainda."
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