Doria reúne FHC, Temer e Sarney em evento pró-vacina: 'Ato não é político'
Três ex-presidentes participaram de um evento a favor da vacinação contra a covid-19 promovido pelo governo de São Paulo hoje. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi ao Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista, e Michel Temer (MDB) e José Sarney (MDB) participaram por videoconferência.
Segundo o governo paulista, todos os ex-presidentes vivos foram convidados. Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recusaram, alegando que irão respeitar a fila do grupo prioritário, embora o evento não tenha tido o ato de vacinação, e o senador Fernando Collor (Pros-AL) informou pelas redes sociais que agradecia o convite, mas não participaria.
Provável candidato nas eleições presidenciais de 2022, o governador João Doria (PSDB) vem sendo acusado de politizar a corrida pela vacina nos últimos meses. Embora tenha reunido ex-presidentes, hoje, ele negou que o evento tivesse tom político, mas de propagar a importância da vacinação contra a covid-19. "O objetivo do encontro é institucional, para a valorização da vida, da existência, da saúde e da proteção do povo brasileiro", disse o governador durante o evento.
Os ex-presidentes, de fato, procuraram fugir da pauta política, sem opinar sobre a atuação do governo federal na vacinação. "É hora de juntarmos esforços para dizer à população brasileira que colabore com autoridades sanitárias e com governos federal, estadual e municipal nessa luta", declarou Sarney, 90.
"A presença de ex-presidentes aqui revela que há preocupação grande em torno da manutenção da vida. É algo essencial. Estou na fila e quando chegar minha vez, tomarei essa vacina", seguiu Temer, 80, em tom semelhante.
"A defesa que temos é vacina. É fácil dizer 'fique em casa' para quem tem casa. Minhas primeiras palavras são para aqueles que não têm como se defender", declarou FHC, 89, em sua fala. "O Brasil tem que aproveitar esse momento para sentir solidariedade prática."
"V de vacina"
Oficialmente de tom institucional, o evento teve o estilo do governador João Doria: com pessoas relevantes, foi recheado de fotos posadas, falas de impacto e alguns jargões que lhe acompanham. O mais novo deles é o "V de vacina" —já repetido em várias ocasiões pelos mais próximos, como o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
No última dia 17, quando São Paulo iniciou a vacinação após a aprovação da CoronaVac pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o "V de vacina" tornou-se uma resposta ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que afirmou que a imunização começaria "no dia D e na hora H".
Desde então, Doria tem repetido o "V de vacina", que também atribui a "vitória" e "vida", em um gesto que lembra o seu antigo "Acelera SP", que tanto usou na campanha eleitoral. Nesta tarde, ele não só fez referência ao termo mais de uma vez como pediu, em duas ocasiões, que os ex-presidentes também o repetissem.
A ideia gerou momentos cômicos em meio à coletiva porque, online, Temer tentou fazer o gesto abaixo do vídeo —sem aparecer na gravação— e Sarney, a princípio o ignorou, mas, dada a insistência do governador, endossado por Gorinchteyn, acabou fazendo-o a contragosto.
Collor, Dilma e Lula recusaram
Metade dos ex-presidentes vivos recusou o convite do governo paulista. Os petistas afirmaram que não gostariam de furar a fila, embora o ato não tenha tido vacinação, enquanto a avaliação no Palácio dos Bandeirantes é que eles não quisessem participar de um evento promovido por Doria.
Dilma, 73, já havia rejeitado a participação publicamente na semana passada. Por meio de nota publicada em seu site, a ex-presidente declarou que é "inaceitável furar fila".
Lula, 75, deu explicação semelhante. A assessoria do ex-presidente disse que ele foi convidado pelo prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), mas recusou. "Ele tomará a vacina quando estiver disponível para as pessoas da faixa etária dele, sem privilégios", informou.
O ex-presidente foi diagnosticado com covid-19 neste mês, durante uma viagem a Cuba para a gravação de um documentário. Ele fez quarentena na ilha e voltou ao Brasil no final da semana passada.
Desde o aval dado pela Anvisa para a aplicação da CoronaVac no Brasil, FHC tem deixado claro o seu apoio à vacina, que já foi colocada sob desconfiança pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta tarde, ele se recusou a abordar o assunto, por não considerar apropriado.
No dia da aprovação do pedido de uso emergencial, no último dia 17, o ex-presidente incentivou pelo Twitter a população a se vacinar com o imunizante do Butantan, e também comemorou o aval para a vacina da Oxford/AstraZeneca, que começou a ser distribuída pelo Ministério da Saúde anteontem.
Com Sarney, Doria tem uma relação política que vem desde a década de 1980. Após ser secretário de turismo de São Paulo e presidente da Paulistar na gestão do então prefeito Mário Covas (PSDB), o atual governador foi presidente da Embratur e do Conselho Nacional de Turismo entre 1986 e 1988, durante o governo de Sarney.
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