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Mortes seguem estáveis no AM e estados reclamam de redução de verba de UTI

Parente se despede de paciente de covid-19 transferido de Manaus para Brasília - Divulgação SSP AM
Parente se despede de paciente de covid-19 transferido de Manaus para Brasília Imagem: Divulgação SSP AM

do UOL, em São Paulo*

08/02/2021 22h53

Enquanto a média móvel de óbitos por covid-19 segue estável no Amazonas pelo quarto dia seguido, o Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), os governadores da Amazônia Legal e o governador João Doria (PSDB-SP) questionaram a redução do financiamento federal para leitos de UTI para pacientes da doença.

A situação do sistema de saúde do Amazonas ainda preocupa. Hoje, o estado registrou 113 novas mortes pela doença e a média móvel de óbitos ficou em 121 —uma variação de -13% em relação aos últimos 14 dias, o que indica estabilidade, de acordo com especialistas (é possível falar em queda nos números quando a diminuição é maior do que 15%). Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Apesar dos números elevados, o Amazonas iniciou a preparação do ano letivo com uma jornada pedagógica que reuniu professores, pedagogos e gestores. As aulas, que começam dia 18, serão apenas virtuais, pela internet e TV aberta, em virtude da pandemia. Uma série de aperfeiçoamentos no esquema, iniciado ano passado, foram anunciados.

Redução de verbas federais para UTI

Em diversos estados, o atendimento às vítimas de covid-19 esteve entre as principais pautas do dia. Os governos locais reclamam da redução de verbas para leitos de UTI destinados a infectados pelo novo coronavírus.

Segundo o governador paulista João Doria, a contribuição federal para a manutenção destes leitos em São Paulo, por exemplo caiu de 63% em maio para 11,4% este mês, o que representa uma queda de 80%. Pela segunda vez em quatro dias, ele ameaçou entrar na Justiça para pressionar o governo federal.

São Paulo judicializará essa medida imediatamente no Supremo Tribunal Federal. É um absurdo termos a desabilitação de leitos de UTI pelo Ministério da Saúde, que deveria se antecipar e mantê-los disponíveis"
João Doria, governador de São Paulo

O Maranhão já ingressou hoje com ação no STF para "reabilitação dos leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19, em todas as unidades federadas e especialmente no Estado do Maranhão".

Governadores da Amazônia cobram governo federal

Em outra frente, os governadores do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, que reúne os sete governadores dos estados da região Norte, mais Mato Grosso, publicaram uma carta aberta divulgada nas redes sociais na noite de domingo (7), em que cobram "a retomada imediata dos leitos de UTI para covid-19 que estão sendo desabilitados pelo SUS", nas palavras do governador Waldez Góes (PDT), do Amapá.

Segundo os governadores da região amazônica, a redução de gastos federais com UTIs para covid-19 ocorre em um momento em que a região sofre com o aumento de casos e demanda por leitos, sendo que Amazonas e Rondônia já transferiram pacientes para atendimento em outros estados.

O que aconteceu foi que não houve planejamento. O orçamento de 2021 é o mesmo orçamento de 2019. Simplesmente desconsiderou o orçamento de 2020, como se simplesmente a pandemia tivesse terminado dia 31 de dezembro.
Carlos Lula, presidente do Conass e secretário de Saúde do Maranhão

Até o momento não há relato de fechamento de leitos por falta de dinheiro, mas a redução nos investimentos pode ter atrapalhado a tomada de ações preventivas por estados como o Amazonas, que viu a pandemia crescer a ponto de o sistema de saúde ter colapsado novamente, inclusive com falta de oxigênio.

Enquanto os governadores se queixam de redução de apoio do Ministério da Saúde na questão dos leitos de UTI, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou ao ministro da Casa Civil, Braga Netto, que articule ações complementares de apoio aos estados e ao Distrito Federal que precisarem de ajuda no combate à covid-19. A ordem foi publicada no Diário Oficial de hoje.

A decisão vem depois de quase um ano de pandemia marcado por ataques de Bolsonaro aos governos locais por causa das políticas de isolamento social e depois de seu governo ser cobrado judicialmente pela omissão ou lentidão no caso do novo colapso do sistema de saúde de Manaus.

TCU e Defensoria cobram explicações sobre pressão por cloroquina e falta de oxigênio

Ainda sobre a crise da saúde no Amazonas, o Ministério Público no TCU (Tribunal de Contas da União) pediu e o tribunal deu dez dias para a Secretaria de Saúde de Manaus esclarecer se foi pressionada pelo Ministério da Saúde a ministrar remédios sem eficácia comprovada para a covid-19, como cloroquina, ivermectina e azitromicina.

Já a Defensoria Pública do estado criou uma força-tarefa para apurar os efeitos do desabastecimento de cilindros de oxigênio na rede pública de saúde.

*Com agências de notícias