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AM: Espera por leito cai, mas há risco de 3ª onda e de cepa afetar vacinas

Paciente com covid-19 é removida do Amazonas para Curitiba - Davis Alberto/Secom/Divulgação
Paciente com covid-19 é removida do Amazonas para Curitiba Imagem: Davis Alberto/Secom/Divulgação

Arthur Stabile

Colaboração para o UOL, de São Paulo

09/02/2021 22h50

No dia em que diminuiu a fila de espera por um leito para infectados pelo novo coronavírus, a OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta para o impacto da nova cepa do vírus identificada no estado. Para a entidade, há o risco real de ela interferir na eficácia das vacinas.

O Amazonas diminuiu em 40,6% o déficit de atendimento, indo de 659 pessoas duas semanas atrás para 391 ontem, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde.

O colapso no sistema de saúde ainda impacta no atendimento dos doentes, ainda que o governo de Wilson Lima (PSC) anuncie ampliação de leitos — com mais 23 na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) na capital Manaus.

Pesa contra a ação estatal relatos de mortes no extremo do estado. Como a morte de Antônio Basílio, de 79 anos, internado por cinco dias e vítima da covid-19. Pesa mais as duas novas reinfecções confirmadas hoje pela mutação do vírus.

Apesar dos casos gerarem mortes locais, o impacto pode ser maior do que apenas no Amazonas, no Norte do país e apenas no Brasil, ainda que cientistas prevejam uma terceira onda a atingir Manaus. A OMS prevê impactos da variante manauara em todo o mundo.

Segundo a entidade internacional, a mutação no vírus interfere nas vacinas já produzidas. A fala, em um informe semanal, tem como base estudo feito em brasileiros no Japão que contraíram o vírus evoluído.

Chamada de P1, a mutação foi identificada por especialistas em novembro. Em dois meses, o total de pacientes com a nova cepa subiu de 52% dos infectados, em dezembro, para 85% em janeiro.

"Com base em investigações preliminares, as mutações detectadas na variante P.1 poderiam potencialmente reduzir a neutralização de anticorpos", afirma a OMS. A P1 está confirmada em 15 países, enquanto o total era de dez na semana passada.

O entendimento dos médicos é que era possível evitar tal proliferação, no entanto, nada foi feito pelos governos. Imediatamente, deveríamos ter feito uma coisa básica em epidemiologia: o cerco sanitário, com controle de entrada e saída, cancelamento de voos, quarentena, semelhante ao que aconteceu em Wuhan [China, onde surgiu a covid-19] e que os países agora fazem com a gente", afirma a pós-doutora na área pela John Hopkins University, de Washington.

Coronavírus hoje

Conforme informações do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, com base nas secretarias estaduais de saúde, o Amazonas registrou 169 mortes causadas pelo novo coronavírus hoje.

O número é 50% maior em comparação com os 113 óbitos registrados ontem. Ao todo, o estado soma 9.116 vítimas da pandemia desde março do ano passado.

Foram computados 1.442 novos casos no Amazonas em apenas 24 horas, totalizando 285.100 infectados ao longo da pandemia. No país, a situação geral é de aumento na média de mortes pelo 20º dia seguido com os 1.340 mortos nesta terça-feira (9).

A média de 1.029 mortos nos últimos sete dias mantém o segundo período acima de mil mortes na média da pandemia, atrás somente dos 31 dias entre 3 de julho e 2 de agosto.