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Nicolelis: Março pode ser pior momento da pandemia e da história do Brasil

O neurocientista Miguel Nicolelis - Bruno Santos/ Folhapress
O neurocientista Miguel Nicolelis Imagem: Bruno Santos/ Folhapress

Do UOL, em São Paulo

28/02/2021 13h18

O médico e neurocientista Miguel Nicolelis afirmou que o mês de março pode ser não apenas o pior momento da pandemia no país, mas também o pior momento da história do Brasil devido ao alto número de mortes que poderá ser registrado por causa da covid-19.

"Março pode ser pior momento desde início da pandemia e, eu ouso dizer, da história do Brasil, porque nunca tivemos um evento capaz de matar tantos brasileiros em tão pouco tempo como o que nós estamos passando", declarou Nicolelis, em entrevista na tarde de hoje à rede CNN Brasil.

A declaração do médico, que até este mês comandava a comissão científica do Consórcio Nordeste, vem um dia após o Brasil registrar a pior média móvel de mortes por covid-19 em toda a pandemia. Segundo dados divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa ontem, 1.180 brasileiros morreram, em média, nos últimos sete dias.

Os dados reforçam que o país está em seu momento mais letal da pandemia, com média móvel acima de mil mortos desde 21 de janeiro, há 38 dias. Ao menos 12 estados e o distrito Federal endureceram regras e limitaram o funcionamento do comércio e a circulação de pessoas para tentar evitar um colapso no sistema de saúde.

Nicolelis apontou alguns fatores para que contribuíram para o país chegar a esse cenário alarmante, entre eles a falta de colaboração das pessoas, que insistem em fazer aglomerações, e de uma campanha nacional e unificada que alerte sobre a gravidade da pandemia.

"Esse é um problema que vem desde o começo da pandemia, notoriamente por causa de falta de uma mensagem clara, transparente, objetiva e verdadeira da gravidade do que essa pandemia", afirmou.

Defensor de um lockdown nacional para reduzir o número de casos e óbitos, o neurocientista disse que medidas de restrição mais brandas como as adotadas pela maioria dos estados e municípios são insuficientes, neste momento, para evitar um colapso do sistema de saúde.

Como exemplo, Nicolelis apontou o estado de São Paulo, que tem visto grandes cidades do interior à beira do colapso em meio ao crescimento nas taxas de ocupação de leitos. Segundo ele, quando essas cidades esgotarem sua capacidade de receber novos pacientes, as pessoas acabarão indo para a capital, que também poderá colapsar.

"Não basta só mencionar ou saber pronunciar a palavra lockdown, é preciso saber escrever lá no decreto de lockdown, sem jeitinho brasileiro, sem novos nomes sem tergiversação", declarou.