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Estados reforçam medidas restritivas por covid-19 apesar de críticas de Bolsonaro

26/02/2021 21h49

Vários dos Estados mais atingidos pela pandemia de Covid-19 no Brasil impuseram novas medidas de restrição ou reforçaram as que já vinham sendo aplicadas, diante de temores de colapso nos sistemas de saúde, apesar de críticas abertas do presidente Jair Bolsonaro ao fechamento de atividades.

Bolsonaro voltou a insistir nesta sexta-feira nas críticas a prefeitos e governadores que impõem restrições às atividades para tentar conter a propagação do coronavírus.

Durante um evento no Ceará, disse que "esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão do que o povo quer". Mais tarde, acrescentou que os governadores que impõem medidas restritivas é que deveriam bancar o auxílio emergencial em seus Estados.

"Não pode continuar fazendo política e jogando no colo do presidente da República essa responsabilidade", disse ele.

As declarações de Bolsonaro ocorrem no pior momento da pandemia no país. Um ano depois de registrar seu primeiro caso da doença, o Brasil é o segundo com maior número de mortes por Covid-19 no mundo, com 252.835 óbitos, atrás somente dos Estados Unidos. Soma também 10.455.630 casos de coronavírus, número inferior apenas aos de EUA e Índia.

Neste cenário, os governadores seguem ignorando as críticas do presidente e vêm anunciando novas medidas restritivas.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os leitos de terapia intensiva no país atingiram nesta semana o maior nível de ocupação desde o início da pandemia, como resultado das altas taxas de transmissão.

No Sul, diante desse cenário, o governo do Rio Grande do Sul colocou o Estado em bandeira preta, de risco altíssimo, e suspendeu atividades entre 20h e 5h. Santa Catarina, por sua vez, decretou o fechamento dos serviços não essenciais neste final de semana.

O Paraná decidiu manter os serviços não essenciais fechados até 8 de março, além de impor um toque de recolher das 20h às 5h.

"É um momento delicado, em que precisamos tomar medidas mais duras para conter a contaminação da Covid-19... Serão dias turbulentos e, mais do que nunca, precisamos que quem puder fique em casa", disse o governador paranaense, Ratinho Junior (PSD), ressaltando que "a estrutura é finita".

Na região Sudeste, Minas Gerais tem oito macrorregiões em onda vermelha, a mais rígida do plano de contenção do vírus.

Já São Paulo, Estado mais afetado pela doença em números absolutos, possui seis regiões em fase vermelha —com restrição total de comércios e serviços não essenciais— e também impôs um "toque de restrição" entre 23h e 5h até 14 de março.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes nesta sexta-feira, o secretário de Saúde paulista, Jean Gorinchteyn, chamou atenção para o recrudescimento das internações no Estado, com a taxa de ocupação de UTI atingindo 70,4%.

"Hoje temos 6.767 pacientes internados nas UTIs. Este número é 510 pacientes a mais do que aquilo que nós tivemos no pico da primeira onda e, pasmem, 357 pacientes a mais do que tivemos na segunda-feira", disse ele.

No Centro-Oeste, o Distrito Federal —praticamente sem leitos e com um aumento no número de casos e internações— publicou decreto de lockdown, que fecha a partir de domingo, por exemplo, escolas públicas e privadas, parques e academias. Serviços de alimentação, supermercados e outras atividades consideradas essenciais, no entanto, vão continuar abertas.

Este é o segundo fechamento determinado na capital federal, que abriga representantes dos Três Poderes. O governo do Distrito Federal foi um dos primeiros a decretar, ainda no início da pandemia, no ano passado, medidas de restrição de circulação de pessoas e fechamento de atividades.

NORDESTE E NORTE

Na região Nordeste, a Bahia determinou o fechamento de todas as atividades não relacionadas à saúde pública, alimentação e segurança neste final de semana. "Se não contermos o crescimento do vírus, irão faltar vagas para quem precisa, inclusive nos hospitais particulares", disse o governador Rui Costa (PT).

Pernambuco também proibiu qualquer atividade não essencial das 22h às 5h em todo o Estado. Segundo o governador Paulo Câmara (PSB), a taxa de ocupação de UTIs ultrapassou 90%.

O governo da Paraíba, por sua vez, emitiu toque de recolher das 22h às 5h nos municípios com bandeiras vermelha e laranja entre 24 de fevereiro e 10 de março. Já o Piauí restringiu o funcionamento do comércio e decretou toque de recolher entre 23h e 5h até 4 de março.

O Ceará informou na quinta-feira que possui 170 municípios com risco alto ou altíssimo, que receberam orientações do governo estadual para impor medidas restritivas, enquanto o Rio Grande do Norte restringiu o funcionamento de bares e restaurantes.

No Norte, o Amazonas enfrentou um colapso de oxigênio no mês passado. O vizinho Acre lida neste momento, além da pandemia, com graves enchentes.

Em Rondônia, o secretário da Saúde, Fernando Máximo, afirmou nesta sexta-feira que a taxa de ocupação dos leitos de UTI no Estado é de 100%. "Se cada um não fizer a sua parte, o número de mortes será ainda maior", disse.

Já Roraima estendeu até 15 de março uma proibição de transportes interestaduais.