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Com saúde em colapso, Minas transfere pacientes com covid para São Paulo

21.fev.2021 - Paciente com covid-19 é transferido de Coromandel (MG) em aeronave da PM - L.ADOLFO/ESTADÃO CONTEÚDO
21.fev.2021 - Paciente com covid-19 é transferido de Coromandel (MG) em aeronave da PM Imagem: L.ADOLFO/ESTADÃO CONTEÚDO

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

02/03/2021 04h00

Uma segunda onda de casos de covid-19 varre Minas Gerais, sobretudo os municípios do interior. A piora veio depois de flexibilizações de restrições, liberação para o funcionamento do comércio, aglomerações durante as eleições, festas de fim de ano e bailes de Carnaval.

Em novembro do ano passado, houve 1.026 óbitos pela doença. Em fevereiro, esse número triplicou: 3.505 pessoas morreram de covid-19 no estado, no pior mês da pandemia, de acordo com dados da Secretaria de Saúde de Minas Gerais.

Até segunda-feira (1º), 883.105 pessoas se infectaram com a covid-19. Destes, 18.598 morreram, 86% em cidades do interior. A capital Belo Horizonte totalizou, durante a pandemia, 2.731 mortos, ou 14% do total.

Raio-x dos mortos por covid em MG

  • 80% tinham 60 anos ou mais
  • 72% tinham alguma comorbidade, sobretudo cardiopatia e diabetes
  • 56% eram homens.

Transferências para SP e cidades mineiras

Com o colapso na saúde e sem leitos, sobretudo de UTI (Unidades de Terapia Intensiva), diversos municípios tiveram de pedir socorro a outras cidades.

Entre 5 e 21 de fevereiro, houve 295 transferências intermunicipais de doentes, sobretudo vindos das regiões do Triângulo Mineiro e de Alto Paranaíba.

Uberaba sofre com filas de espera em hospitais privados. Os hospitais particulares alcançaram 100% na taxa de ocupação dos leitos de UTI e 90% na enfermaria. Já os públicos alcançaram 60% e 80%, respectivamente.

No sábado (27), o Hospital São Domingos, da Unimed-Uberaba, referência do atendimento à covid no município, transferiu cinco pacientes: quatro para Ribeirão Preto (SP) e um para Franca (SP).

De acordo com a operadora, a transferência cumpre o plano de contingência, garantindo vagas.

"O São Domingos conta com 45 vagas em UTI, sendo 24 exclusivas para pacientes adultos com covid. O centro de isolamento tem mais de cem profissionais de saúde dedicados ao atendimento, além de médicos de referência, intensivistas e infectologistas."

09.jul.2020 - O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ao centro, em sessão virtual com deputados estaduais - Uarlen Valério / Estadão Conteúdo - Uarlen Valério / Estadão Conteúdo
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo)
Imagem: Uarlen Valério / Estadão Conteúdo

A cidade, uma das maiores do estado, teve em janeiro e fevereiro 114 mortes causadas pela doença. Em dois meses, teve quase metade dos 240 óbitos em todo o ano passado.

É um cenário bem diferente do de duas semanas atrás, quando dava alta para os últimos dos 18 pacientes recebidos após o colapso em Manaus. Oito deles morreram.

Uberlândia transferiu, na sexta-feira (26), para a Santa Casa de Alfenas (MG), um homem de 63 anos e uma mulher de 72 anos com covid. Eles estavam internados no Centro de Internação Missão Sal da Terra e na UAI (Unidade de Atendimento Integrado) Tibery.

A Prefeitura de Uberlândia diz que, "em parceria com outros municípios e o governo estadual, tem realizado ações de transferência para garantir o atendimento da população". "Estamos em um momento delicado."

O município de Coromandel (MG), no Alto do Paraíba, enviou 26 pacientes da covid para Divinópolis (MG) e outros oito para Pará de Minas (MG), ambos no centro-oeste do estado.

Zema não assina crítica de governadores a Bolsonaro

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi o único governador do Sudeste que não assinou a nota de repúdio contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

No documento, 19 governadores de todo o país criticam postagem com valores relativos a repasses do governo federal aos estados. Os políticos criticam a distorção dos números, que abrangem repasses obrigatórios pela Constituição Federal.

De acordo com nota da assessoria, Zema "acredita que o momento é de união em torno de soluções no combate à pandemia, com a aceleração do processo de vacinação e o financiamento dos leitos de UTI".

"Embates políticos devem ficar em segundo plano, com foco na solução de problemas", diz a nota.

De acordo com o post de Bolsonaro, o governo mineiro recebeu R$ 81,4 bilhões diretos e indiretos do governo federal e R$ 26,96 bilhões em auxílio emergencial. O governador não comentou se esses valores estão corretos nem a crise na saúde do estado.

Além dele, não assinaram o manifesto: Gladson Cameli (PP-AC), Wilson Lima (PSC-AM), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Marcos Rocha (PSL-RO), Antônio Denarium (PSL-RR), Carlos Moisés (PSL-SC) e Ibaneis Rocha (MDB-DF).