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Litoral de SP: Casos de dengue dificultam trabalho de médicos na pandemia

O mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue - EPA
O mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue Imagem: EPA

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

29/03/2021 04h00

Não bastasse as infecções pelo novo coronavírus lotarem os hospitais do estado de São Paulo, nas cidades da Baixada Santista, litoral paulista, casos de dengue e de chikungunya dificultam ainda mais o dia a dia dos médicos e enfermeiros das unidades de saúde.

O problema principal começa logo na triagem dos pacientes que chegam aos postos de saúde. Os sintomas de dengue e de chikungunya, transmitidas pela picada de insetos da mesma família, do gênero Aedes, são semelhantes aos sintomas da covid-19. As três doenças causam mal-estar, febre, dor de cabeça e dor no corpo.

Diretor do pronto-socorro municipal de Cubatão, o médico Felipe Mendes conta que é comum que casos de dengue e chikungunya cresçam durante o verão, principalmente por causa das chuvas frequentes, que produzem água parada em determinados locais onde os mosquitos podem se reproduzir.

Mas ele ressalta que nunca havia recebido no hospital onde trabalha tantos casos como nesses primeiros três meses de 2021, junto ao pior momento da pandemia no país.

"Muitos pacientes chegam com quadro clínico parecido. A diferença da dengue e chikungunya é a ausência de sintomas respiratórios, como tosse. O problema é que há muitos pacientes que testam positivo para o vírus sem sintomas respiratórios. Isso complica um pouco a triagem dos hospitais, que costumam separar ala clínica da ala voltada para suspeitas de covid-19", conta.

Doenças mortais

Embora não tenham um tratamento específico, diz o médico, os infectados devem passar por consulta médica porque as duas doenças podem ser mortais.

Em fevereiro, a morte de um homem de 41 anos, morador de São Vicente, por dengue acendeu o alerta na Baixada Santista para o aumento de casos da doença. A segunda morte pela doença aconteceu no mesmo mês: um adolescente de 16 anos com dengue hemorrágica, versão mais severa.

Dados divulgados pelas prefeituras das noves cidades que integram a Baixada Santista apontaram que, até a última semana, ao todo, foram registrados mais de 1,3 mil casos de dengue e mais de 619 de chikungunya em 2021. Em 2020, durante todo o ano, foram registrados 2.110 casos de dengue e 87 de chikungunya.

A situação é delicada em São Vicente, segunda maior cidade da Baixada, que emitiu um alerta no começo do mês avisando a população de que a epidemia de dengue pode ser a pior da história da cidade. Lá, segundo a prefeitura, foram registrados 581 casos de dengue, e outros 1.261 suspeitos aguardam resultado do exame. Já de chikungunya, foram 152 casos confirmados e 591 suspeitos.

Em Santos, maior cidade da região, foram registrados 383 casos de chikungunya e 195 de dengue em 2021, segundo a prefeitura. No Guarujá, segundo o último levantamento da secretaria municipal de saúde, são 349 casos confirmados de dengue e 213 de chikungunya.

Cubatão registrou, de acordo com dados recentes divulgados pela prefeitura, pelo menos 250 casos confirmados de dengue e 5 de chikungunya. Já prefeitura de Praia Grande, que decretou oficialmente que a cidade está sob uma epidemia de dengue, registrou 272 casos confirmados da doença. O executivo municipal não divulgou os números relativos à chikungunya.

Prevenção à doença

Para diminuir o número de casos, assim como em relação à covid-19, é necessário investir na prevenção. Por isso, as prefeituras da Baixada se organizaram para realizar mutirões por casas de moradores para monitorar e desfazer possíveis criadouros de insetos.

Segundo o chefe do departamento de Controle de Doenças Vetoriais, da secretaria de saúde de São Vicente, Fábio Lopes, a cada dez casas vistoriadas na cidade, há uma média de 30 criadouros positivos para o Aedes Egypt.

A prefeitura da cidade elencou dez pontos para prevenir a proliferação de dengue e chikungunya em casa:

  • Não acumular materiais descartáveis desnecessários e sem uso. Se forem destinados à reciclagem, guarde-os sempre em local coberto e abrigado da chuva;
  • Tratar adequadamente a piscina com cloro. Se ela não estiver em uso, esvaziar completamente, não deixando poças d'água. Se a pessoa morar em casas com lagos ou cascatas, deve mantê-las limpas ou criar peixes que se alimentem de larvas;
  • Entregar pneus velhos ao serviço de limpeza urbana. Caso precise deles, guardá-los, sem água, em local coberto;
  • Verificar se os ralos da casa não estão entupidos. Limpá-los pelo menos uma vez por semana e, se não estiver usando, deixá-los fechados;
  • Guardar garrafas, baldes ou latas vazias de cabeça para baixo;
  • Lavar com escova e sabão as vasilhas de água e comida dos seus animais uma vez por semana;
  • Retirar a água da bandeja externa da geladeira pelo menos uma vez por semana. Lave a bandeja com sabão;
  • Não deixar acumular água nos bebedouros;
  • Manter os pratos dos vasos de planta sem água. Depositar terra para ajudar a drenagem.