Pfizer deve iniciar estudo da vacina em grávidas do Brasil, diz coordenador
O coordenador dos testes da Pfizer no Brasil, o médico Cristiano Zerbini, disse hoje que a farmacêutica deve iniciar "em breve" os estudos clínicos em grávidas e imunodeprimidos da vacina contra o novo coronavírus produzida em parceria com a BioNtech. De acordo com Zerbini, o pedido para os testes com gestantes já foi feito à Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"Vamos esperar as agências éticas e regulatórias permitirem o início do estudo. Nos pacientes imunossuprimidos ainda vamos submeter os protocolos às autoridades brasileiras. Mas tenho a impressão de que em breve vamos ter o início desses estudos", afirmou, em entrevista à CNN.
Zerbini disse que os estudos devem durar de um a três anos, mas calculou já ser possível ter resultados preliminares. O médico fala em relatórios regulares, produzidos de três e seis meses após o início dos testes.
"Não precisamos esperar tudo isso (três anos de testes) para ter respostas mais rápidas. Elas vão ser dadas pelas análises interinas, que foi o que aconteceu com todas essas vacinas que estamos vendo agora. Não tem nenhuma vacina que tem um ano de duração", enfatizou.
Apesar da vacina Pfizer/BioNtech ser a a primeira e única a ter o registro definitivo da Anvisa para aplicação no Brasil, o país ainda não faz a aplicação do imunizante. No último dia 19, o governo federal anunciou a compra de 100 milhões de doses, com o primeiro lote de 13,5 milhões delas entregues até junho.
Testes em crianças
A Pfizer divulgou entre ontem e hoje que a vacina produzida pela farmacêutica é 100% eficaz em jovens de 12 a 15 anos e tem eficácia de pelo menos 91,3% após seis meses de aplicação da dose. Na última quinta-feira (25), o laboratório anunciou que iniciou os testes clínicos do imunizante em crianças de 6 meses a 11 anos nos Estados Unidos.
"A Pfizer vai pedir à FDA (Food and Drug Administration, agência norte-americana que regula alimentos e medicamentos) uma licença para que os adolescentes também possam ser vacinados com a vacina", avisou Zerbin, sobre a situação nos EUA.
O médico afirmou que o sistema imunológico dos jovens é "mais potente" do que o dos adultos. Ele diz, no entanto, que a ração às vacinas em crianças e adolescentes costuma ser mais intensa, apesar de serem brandas, como dor local, febre e aumento da temperatura corporal.
"O sistema imunológico das crianças e adolescentes é muito potente. Essa proteção imunológica às vezes diminui com a idade, tanto que no estudo que fizemos em adulto precisou-se avaliar a eficácia em pessoas com mais de 60 anos para ver se ela era realmente eficaz e foi", ressaltou.
Variantes
Em relação à eficácia da vacina da Pfizer/BioNtech sobre a variante brasileira do novo coronavírus, o médico acredita que o imunizante seja eficaz contra P.1, mas alerta para a necessidade de se esperar o resultado de estudos que estão sendo feitos sobre a cepa.
"As variantes brasileira, britânica e da África do Sul são as que mais preocupam. A brasileira foi talvez a mais nova de todas. Os estudos ainda estão em andamento", avisou.
O coordenador dos testes da Pfizer no Brasil explicou ainda que quanto mais casos de infectados pela covid-19 ocorrerem, há maior possibilidade de surgimento de novas variantes.
"A variante ocorre ao acaso. No momento em que o vírus está replicando ocorrem mutações, para o bem e para o mal do vírus. Mutações que o tornam mais eficaz só ocorrem porque ele tem chance de se replicar. Se a gente vacinar uma grande quantidade de população, ele não consegue mais se replicar", defendeu.
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