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Após jantar com empresários, Queiroga nega ter falado contra lockdown

Igor Mello

Do UOL, no Rio de Janeiro

09/04/2021 14h16Atualizada em 09/04/2021 15h44

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, negou ter pregado contra a decretação de um lockdown nacional durante um jantar com empresários, em São Paulo.

Em visita à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, o ministro se irritou ao tratar do tema. Segundo a Folha de S.Paulo, Queiroga, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), teria dito que não adiantaria decretar um lockdown nacional porque a população não cumpre as ordens de restrição.

Questionado pelo UOL, o ministro defendeu que fique a cargo de prefeitos e governadores a avaliação sobre a necessidade de decretação de novos lockdowns. Ele demonstrou irritação ao ser perguntado sobre a declaração:

"Não dei declaração nenhuma. Estava lá em um jantar com empresários e tivemos uma conversa muito amena, toda no sentido de favorecer o Brasil", afirmou.

Apesar da negativa, Queiroga evitou defender medidas mais rigorosas de isolamentos — atacadas diariamente por Bolsonaro. Também não usou o termo lockdown ao tratar do tema. "Essa questão de fechamento maior depende da realidade de cada município", apontou.

"Ministério não tem vara de condão"

Queiroga também negou diversas vezes que o ritmo de vacinação no país é lento. O ministro afirmou que o fim do estoque de imunizantes que levou à interrupção da vacinação em duas capitais —Curitiba e Goiânia— pode ser atribuída a um problema logístico com os municípios.

"O Ministério não tem vara de condão para resolver todos os problemas. A gente trabalha todos os dias para resolver os problemas da população brasileira. A Fiocruz é uma instituição de 120 anos, tem credibilidade. Isso aqui não é uma instituição de apostas", rebateu.

O ministro ainda atribuiu ao Congresso a responsabilidade pela possibilidade de empresários adquirirem por conta própria vacinas contra a covid-19. A proposta tem a simpatia do governo federal. Ele evitou se posicionar sobre a medida, que é criticada por especialistas em saúde pública.

"Tenho convicção de que com o Plano Nacional de Imunização, desde que haja vacinas suficientes, temos condição de imunizar toda a população brasileira. Agora, nós vivemos em um regime democrático. Temos o Poder Executivo, que é quem cuida da administração pública, e temos o Poder Legislativo, que é quem cuida da elaboração das leis. Como é do conhecimento dos senhores, o Congresso Nacional aprovou uma lei. Lei é lei. E todos nós temos que nos submeter ao regime da lei. Se o Congresso Nacional aprovou uma lei e ela foi sancionada, todos temos que cumprir", esquivou-se.