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Falta de coordenação foi o erro do Brasil no combate à covid, diz estudo

Falta de coordenação foi o erro do Brasil no combate à covid, diz estudo -                                 SAI AUNG MAIN / AFP
Falta de coordenação foi o erro do Brasil no combate à covid, diz estudo Imagem: SAI AUNG MAIN / AFP

Colaboração para o UOL

15/04/2021 08h18Atualizada em 15/04/2021 12h43

A falta de coordenação nacional na luta contra a covid-19 no Brasil foi o grande responsável pelo descontrole da pandemia no Brasil, apontou um estudo publicado ontem na revista americana Science. Os participantes da pesquisa mostram que o vírus se espalhou rápido pelo Brasil na maioria dos estados, e que as diferentes políticas no combate à pandemia ajudaram na propagação da covid no território brasileiro.

"Sem uma estratégia nacional coordenada, as respostas locais variaram em forma, intensidade, duração e horários de início e fim, até certo ponto associadas a alinhamentos políticos.", apontou o estudo. "A resposta federal tem sido uma combinação perigosa de inação e irregularidades, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidências.", acrescentou.

Segundo conclusão do estudo, isso fez com que as cidades impusessem e relaxassem medidas de restrição em diferentes momentos da pandemia, o que facilitou a propagação do vírus pelo Brasil, já que o país tem uma "densa rede urbana".

A pesquisa compara a evolução no número de casos e mortes em vários estados do país. Em média, o país levou 17,3 dias para chegar a 50 casos, e 32,3 dias para chegar a 50 óbitos. No entanto, nos estados Ceará, Amazonas e Rio de Janeiro, o tempo que levou para que o primeiro óbito fosse registrado foi curto, o que aponta que o vírus já estava circulando antes de ser notificado pela primeira vez.

"Este curto intervalo sugere introdução não detectada (e, portanto, não mitigada) e propagação do vírus por algum tempo. Isso foi confirmado no Ceará, onde investigação epidemiológica retrospectiva revelou que o vírus já circulava em janeiro.", explica.

O estudo concluiu que o fato de o Brasil ser um país continental ajuda a aumentar as diferenças de estrutura hospitalar entre os estados, o que causa uma grande disparidade nas possibilidades de combate ao vírus.

Outro ponto destacado é a questão política da pandemia, causou uma "polarização" e "politização" da pandemia, já que os governos dos estados e o federal tomaram atitudes de distanciamento diferentes baseados nisso.

"O alinhamento político entre governadores e presidente teve um papel no momento e na intensidade das medidas de distanciamento, e a polarização politizou a pandemia com consequências para a adesão às ações de controle", aponta.

O texto ainda alerta para o perigo do descontrole na pandemia no Brasil, dizendo que o surgimento de novas variantes graças à alta transmissão do vírus pode ser uma "ameaça à segurança de saúde global".

"O fracasso em evitar essa nova rodada de propagação facilitará o surgimento de novas variantes, isolará o Brasil como uma ameaça à segurança da saúde global e levará a uma crise humanitária completamente evitável.", finalizou.

A pandemia no Brasil

O Brasil é o segundo país com mais mortes causadas covid-19 no mundo. Ontem, o país registrou 3.462 novos óbitos, chegando ao total de 362.180 vidas perdidas desde o início da pandemia. Na média móvel, já são cinco dias em que o país bate o número de 3 mil mortes por dia.

Ao todo, 13.677.564 de brasileiros já testaram positivo para o coronavírus. Nesta quarta-feira, mais de 70 mil novos casos foram registrados.

Treze estados apresentam estabilidade na média móvel de mortes, sete estão em aceleração e seis estados e o Distrito Federal demonstram queda nos números.

Ontem o Brasil chegou ao número de 24,9 milhões de pessoas vacinadas contra a covid-19, o que corresponde a 11,79% da população. Desse total, pouco mais de 8 milhões já completaram o ciclo vacinal, recebendo as duas doses. Esse número representa 3,84% da população do país.