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Não adianta só enviar ofício, diz Queiroga após Doria cobrar kit intubação

Ministro da Saúde afirmou que estados e municípios têm que dividir responsabilidade com a União em adquirir remédios do kit  - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Ministro da Saúde afirmou que estados e municípios têm que dividir responsabilidade com a União em adquirir remédios do kit Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

15/04/2021 17h38

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, respondeu hoje diretamente às cobranças feitas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sobre a ameaça de desabastecimento de medicamentos do "kit intubação". Após o governo paulista afirmar que enviou nove ofícios pedindo auxílio à pasta federal sobre o tema, Queiroga cobrou atitudes adicionais da gestão de Doria.

"Não adianta só ficar enviando ofício para o Ministério da saúde, temos que trabalhar juntos", disse o ministro durante entrevista coletiva na sede da pasta, em Brasília. O evento foi realizado justamente para fazer esclarecimentos sobre a falta de estoque dos medicamentos, usados para fazer os processos de intubação e extubação em pacientes graves com covid-19.

Queiroga lembrou o caráter tripartite do SUS (Sistema Único de Saúde), que envolve a União, estados e municípios, e disse que a responsabilidade pela aquisição dos medicamentos tem que ser dividida entre os entes federativos, principalmente aqueles de maior economia, como São Paulo.

Os estados também têm que procurar esses medicamentos, sobretudo os grandes estados. Existem estados que têm economia maior que países, têm condições, não é só empurrar isso para as costas do Ministério da Saúde.
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde

O ministro também afirmou que a obrigação maior da União é o auxílio a municípios menores, que, segundo ele, têm menos poderio econômico para buscarem a compra dos medicamentos. No entanto, apesar do discurso crítico em relação a São Paulo, Queiroga pediu uma trégua.

"Não é hora de ficar um atirando no outro, é hora de trabalhar em prol da sociedade brasileira. Vamos deixar o Twitter de lado e vamos responder à sociedade brasileira com políticas públicas. O Ministério da Saúde tem trabalhado, mesmo não sendo essa obrigação precípua [principal] dele", afirmou.

Já o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Sérgio Okane, respondeu sobre a decisão que a pasta tomou há pouco menos de um mês, no início do avanço da segunda onda da pandemia no país. À época, o governo federal requisitou o estoque de medicamentos do "kit intubação" à iniciativa privada, fato que tem sido apontado por Doria como uma dificuldade a mais na aquisição dos remédios.

"Não foi tirada nenhuma medicação de contrato vigente pelo laboratório", disse Okane. "Vivemos um momento crítico pela quantidade de casos", justificou o secretário.

Doação da iniciativa privada

Para evitar o desabastecimento, Queiroga citou que o governo federal fez recentemente uma compra de insumos em parceria com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) para a produção dos medicamentos, e citou também negociações diretamente com a Espanha. No momento, porém, o mais importante é uma doação feita pela iniciativa privada.

Em um esforço capitaneado pela Vale, em parceria com empresas como a Petrobras, Klabin e o banco Itaú, a iniciativa privada promete entregar um total de 3,4 milhões de unidades de medicamentos do "kit intubação" ao Ministério da Saúde.

Segundo a Vale e o governo federal, o primeiro lote com 2,3 milhões de unidades importadas da China chega ainda hoje à noite ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Os medicamentos serão entregues ao Ministério, que ficará responsável pela distribuição aos estados e municípios.

"Além das ações do governo, contamos com apoio da iniciativa privada. A Vale fez uma doação expressiva que vai ajudar a suprir o mercado nacional por um período até que tenhamos a recomposição dos nossos estoques", disse Queiroga.