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Dimas Covas cita variantes e vê Copa América no Brasil como 'inoportuna'

"Acho que a promoção de viagens e aglomerações não é apropriada neste momento", disse Dimas Covas - Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo
"Acho que a promoção de viagens e aglomerações não é apropriada neste momento", disse Dimas Covas Imagem: Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

31/05/2021 17h48Atualizada em 01/06/2021 09h03

Diretor do Instituto Butantan, o médico hematologista Dimas Covas classificou hoje como "inoportuna" a realização da Copa América 2021 no Brasil, anunciada pela manhã pela Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), citando as "incertezas" em relação às variantes do coronavírus. Para ele, o momento é "inapropriado" para receber um evento que exigirá viagens e poderá motivar aglomerações.

A posição de Covas é diferente da adotada pelo governo de São Paulo, que já anunciou que não fará objeções caso a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) defina o estado como uma das sedes do torneio.

"Neste terreno que nós estamos neste momento, um terreno de incertezas, incertezas em relação às variantes, incertezas em relação à própria progressão da epidemia aqui no Brasil... Eu acho que é uma medida que precisa ser muito bem estudada. Na minha opinião como médico, eu já te digo: não acho que seria oportuno [receber a Copa América]", disse o diretor do Butantan em entrevista à GloboNews.

A questão das variantes, da circulação das variantes, e a própria evolução da pandemia no Brasil, que neste momento está sofrendo uma aceleração... Esses pontos são importantíssimos, e eu acho que a promoção de viagens, de contatos, de aglomerações não é apropriada neste momento.
Dimas Covas, diretor do Butantan

Inicialmente, a Copa América seria dividida entre Colômbia e Argentina entre junho e julho. No último dia 20, a primeira — que passa por um período de instabilidade, com enormes protestos populares — pediu adiamento da competição, mas a Conmebol decidiu por excluí-la.

A partir daí, a probabilidade maior era de que o torneio fosse realizado inteiramente na Argentina, mas, devido ao agravamento da pandemia, o país decidiu não mais recebê-lo. O anúncio foi feito ontem à noite, e o Brasil — que soma mais de 462 mil mortes pela covid-19 — foi anunciado como substituto poucas horas depois.

A Copa América 2021 tem início marcado para 13 de junho.

Outros estados dizem não

Horas depois do anúncio de que a Copa América será disputada no Brasil, estados que têm estádios em condições de receber jogos de nível internacional começaram a se manifestar sobre a montagem da tabela, que ainda não foi divulgada pela Conmebol. Quatro já se disseram contrários a sediar as partidas: Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

"A Paraíba, apesar de nossos esforços, vive um aumento nos números da covid-19. Acreditamos que não seja a hora de sediar grandes eventos, e que não será possível apresentar qualquer proposta do governo do estado com relação à Copa América, já refutada por países vizinhos", disse o governador paraibano João Azevêdo (Cidadania).

Já o governo de Pernambuco, comandado por Paulo Câmara (PSB), anunciou em comunicado que, apesar de ainda não ter sido procurado oficialmente pela CBF, "o atual cenário epidemiológico não permite a realização de evento do porte" da Copa América no estado — vetando, assim, quaisquer partidas na Arena Pernambuco, que foi palco da Copa do Mundo de 2014.

Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte, também afirmou não ter recebido nenhuma solicitação da CBF, mas já decidiu não permitir a realização de jogos do torneio no estado.

"Apesar de sermos um dos estados com estrutura física disponível, não temos hoje níveis de segurança epidemiológica para realização do evento. Ao contrário, estamos numa luta diuturna para amenizar os efeitos da pandemia, que está em um momento crescente por aqui. O governo é, portanto, contrário à realização do evento no nosso estado", reforçou.

Por fim, Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul, disse entender como "inoportuna" a realização de partidas em seu estado, posição que coincide com a do diretor do Butantan, Dimas Covas. Já Sebastião Melo (MDB), prefeito de Porto Alegre, afirmou que houve uma conversa preliminar e que é preciso "construir com governo e sociedade" — ou seja, não há nada concreto.