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9 a cada 10 brasileiros tomariam qualquer vacina contra covid, diz pesquisa

Dado Ruvic/Reuters
Imagem: Dado Ruvic/Reuters

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

30/07/2021 00h01Atualizada em 30/07/2021 10h42

Embora o termo "sommelier de vacina" tenha ganhado popularidade e algumas cidades tenham feito leis para punir quem escolhe vacina contra a covid-19, apenas 9% dos brasileiros deixariam de se vacinar por preocupação com o fabricante. É o que aponta uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com o Instituto FSB Pesquisa.

Segundo o levantamento, 75% dos brasileiros dizem não ter uma marca preferida de vacina, contra 23% que afirmam ter. Ainda assim, 9 de cada 10 brasileiros não deixariam de tomar a vacina por causa da marca.

Dos que admitiram ter uma marca preferida, 19% disseram que ainda assim tomariam qualquer vacina disponível. Apenas 4% disseram ter uma marca preferida e deixariam de se vacinar caso não a encontrassem.

"O fato de o brasileiro aceitar tomar a vacina disponível nos deixa menos apreensivos, não só pela proteção individual, mas pelo benefício para toda a sociedade", disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

escolha por vacina e decisão sobre imunização - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Sabemos que a vacinação em massa é fundamental para a retomada econômica. E, quando falo em retomada, falo principalmente em mais empregos, mais renda e mais qualidade de vida para a população.
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

A pesquisa foi conduzida entre os dias 12 e 15 de julho, nos 26 estados e no Distrito Federal. Duas mil pessoas com mais de 16 anos foram ouvidas por telefone. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Devido às fake news e com a chegada de marcas de vacinas com eficácias mais altas, algumas pessoas passaram a querer escolher a marca do imunizante que iriam tomar. Com isso, prefeituras passaram a puni-las pessoas com o final da fila de vacinação e assinatura de termos de responsabilização.

São Paulo foi uma das cidades que aplicaram a medida recentemente. Na última terça-feira (27), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) sancionou a lei que leva ao fim da fila quem escolher o imunizante.

Cidades como São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Recife, Criciúma, Juruaia, Varginha, Curitiba e outras também adotaram algum tipo de punição. Segundo um estudo da CNM (Confederação Nacional de Municípios), quase 75% das cidades registraram casos de "sommeliers".

Especialistas criticam a prática, pois atrapalha o andamento da vacinação, e ressaltam que todas as vacinas passaram por processos rigorosos de avaliação antes de serem disponibilizadas à população.

"Temos mais de uma vacina, mas não é para fazer escolha. Não é igual cardápio de restaurante que você escolhe o que comer. Não tem o que comer. É o prato do dia", afirmou o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto durante o UOL News.

Percepção da pandemia

Os brasileiros acham que o ritmo de vacinação aumentou de abril a julho, porém, 62% dizem que ainda está lento. Em abril, esse percentual era de 83%. Por outro lado, 28% acham que a vacinação está em um ritmo rápido, contra 11% que avaliavam o mesmo em abril.

O país tem atualmente 46% da população vacinada com ao menos uma dose das vacinas e menos de 20% com as duas doses completas —ou a dose única da Janssen. É ainda muito distante dos 70% recomendados por especialistas para que o país atinja a chamada imunidade coletiva.

Vacinação dose completa 29/7 - UOL - UOL
Vacinação dose completa 29/7
Imagem: UOL

Ainda assim, com o avanço da vacinação no país, a percepção do brasileiro acerca da pandemia também mudou. Hoje, 72% considera a pandemia grave, contra 89% em abril. Neste mês, 47% dos brasileiros disseram ter medo grande ou muito grande da covid-19. Em abril, esse percentual era de 56%.

Cerca de 70% dos brasileiros afirmam acreditar que a pandemia deve melhorar daqui para frente, enquanto 18% apostam que os números de casos e mortes devem voltar a subir.

Desde meados de junho, o país tem visto os números de casos e óbitos caírem, algo que médicos atribuem à vacinação. No entanto, a média móvel de mortes continua acima de mil há 190 dias.