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Rio: Novo plano antecipa fim de máscaras obrigatórias em locais abertos

Prefeito do Rio, Eduardo Paes: "Comitê é voz de comando" - Beth Santos/Prefeitura do Rio
Prefeito do Rio, Eduardo Paes: "Comitê é voz de comando" Imagem: Beth Santos/Prefeitura do Rio

Ruben Berta

Do UOL, no Rio*

10/08/2021 14h24

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio confirmou hoje que vai acatar a sugestão de um novo plano de reabertura da cidade proposto pelo Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19. A proposta estabelece o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em lugares abertos antes do que se esperava.

Apesar de ser mais conservadora em pontos como a liberação de público em boates, casas de shows e estádios, a proposta do colegiado prevê que as máscaras deixem de ser exigidas ao ar livre já na segunda etapa, com 65% da população completamente imunizada, desde que não haja aglomeração.

O novo plano não fala em datas, mas, caso a prefeitura consiga manter o ritmo de vacinação planejado, a cidade atingirá os 65% no dia 17 de outubro.

O planejamento inicial, anunciado pelo município em julho com o nome Rio de Novo, previa a desobrigação do uso de máscaras apenas na terceira etapa —estimada para 15 de novembro, quando 75% dos moradores da capital já estivessem vacinados com as duas doses ou a dose única. A proposta era de que máscaras fossem usadas somente em transportes públicos e hospitais.

Atualmente, quem for flagrado sem máscara está sujeito a multa de R$ 562,42, que é aplicada no CPF.

Novo plano: etapas e medidas de flexibilização

1ª etapa - 50% de vacinados

  • Eventos em locais abertos de até 500 pessoas
  • Abertura de estádios com 50% da capacidade para público vacinado

2ª etapa - 65% de vacinados

  • Eventos em locais abertos de até 1.000 pessoas com uso de máscara
  • Danceterias, boates e casas de show com 50% da capacidade para público vacinado
  • Desobrigação de máscara em locais abertos sem aglomeração

3ª etapa - 75% de vacinados

  • Uso de máscara só em ambiente hospitalar e transporte público
  • Livre circulação, sem restrição de capacidade e distanciamento

As alterações evidenciam que o plano inicial não passou pelo crivo do comitê consultivo, formado por especialistas independentes da área de saúde e funcionários da prefeitura.

Entre os participantes do colegiado, estão dois ex-ministros da Saúde, José Gomes Temporão e José Agenor Álvares da Silva, o pesquisador da Fiocruz Rivaldo Venâncio da Cunha e o pediatra e mestre em Saúde Pública Daniel Becker.

Na manhã de ontem, o colegiado se reuniu e foi apresentada a nova proposta. O prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou à noite no Twitter que o comitê "é a voz de comando aqui na prefeitura do Rio".

Boates só na 2ª etapa

A proposta feita agora pelo comitê não fala em datas, mas usa como referência a porcentagem de vacinados. A primeira etapa de flexibilização deve ter início com 50% de imunizados —o plano inicial da prefeitura era 45%, com previsão de ocorrer em 2 de setembro.

Nesta primeira fase, o comitê recomenda a permissão de eventos em lugares abertos limitados a 500 pessoas.

A liberação de boates, casas de shows e festas em locais fechados ficaria para a segunda etapa, com 65% de vacinados com ciclo completo. Mesmo assim, a capacidade de lotação nesses locais ficaria restrita a 50%, e só pessoas que tomaram as duas doses estariam liberadas para entrar.

O plano inicial, por sua vez, previa que, a partir de 2 de setembro, haveria a liberação de eventos em ambientes abertos, sem especificar limite de público. Também estariam liberados estádios, boates e casas de shows com metade da capacidade desde que as pessoas estivessem com esquema vacinal completo.

Os dois planos coincidem quanto à última etapa, quando 75% das pessoas estiverem completamente vacinadas: "livre circulação, sem restrição de capacidade e distanciamento" e uso de máscaras obrigatório somente em hospitais e transportes públicos.

Prefeitura admite rever plano x Avanço da Delta

Mais cedo, o secretário de Saúde, Daniel Soranz, admitiu o adiamento do plano de reabertura por conta do avanço da variante delta na cidade. A delta tem avançado mais rapidamente no Rio do que em outros lugares, sendo responsável por 37,2% dos casos no mês passado no estado.

"Iríamos começar abertura com 45% e agora com 50%, e para abrir tem que ter queda franca de casos, óbitos e mortos entre outras premissas", disse o secretário.

A previsão era de que a nova fase da retomada começasse em 4 de setembro e, segundo Soranz, após a recomendação do comitê, a tendência agora é de que só ocorra após o fim do inverno, no final de setembro.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde ratificou que "o planejamento de reabertura da cidade está condicionado ao cenário epidemiológico favorável, com continuidade da regressão do mapa de risco da cidade para alertas moderado e baixo; regularidade de entrega de vacinas pelo Ministério da Saúde; e alta cobertura vacinal".

"Em não se confirmando essas condições, como já divulgado, a prefeitura poderá rever o planejamento", concluiu.

O plano Rio de Novo previa a realização de uma série de eventos entre 2 e 5 de setembro, com DJs na orla, atividades nas vilas olímpicas e campeonato de futebol. Também estava previsto ponto facultativo no dia 3 de setembro.

Diante de reações negativas, Paes admitiu que errou na comunicação do esquema de reabertura. Ainda assim, a prefeitura anunciou o planejamento da festa de Réveillon, com a previsão de eventos que reúnam até 3 milhões de pessoas.

*Com informações da Agência Reuters