Passaporte de vacina: Rio quer afastar turista não vacinado, diz secretário
O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz. afirmou ao UOL que a ampliação da exigência do passaporte de vacina no Rio de Janeiro tem como objetivo principal inibir a chegada de turistas não vacinados.
Na manhã de ontem entrou em vigor um decreto do prefeito Eduardo Paes (PSD) aumentando o rol de locais em que o comprovante de imunização deve ser exigido.
Segundo Soranz, as exigências não afetam o carioca, mas quase exclusivamente quem vem de fora da cidade. "O principal objetivo desse decreto é que pessoas não vacinadas não venham para o Rio", afirmou.
Com 96% dos adultos vacinados, o passaporte vacinal não é um problema para o cidadão do Rio. Mas queremos estimular que pessoas não vacinadas não venham", Daniel Soranz, secretário de Saúde da cidade do Rio
A exigência de passaporte de vacina foi ampliada para:
- Hotéis, pousadas e imóveis alugados por temporada, inclusive por aplicativos;
- Salões de beleza e centros de estética;
- Bares e restaurantes, no caso de ingresso em áreas fechadas ou cobertas;
- Boates, casas de espetáculos, festas e eventos em geral;
A Prefeitura do Rio também passou a exigir a apresentação do passaporte em shoppings centers, táxis e carros de aplicativo. Contudo, Eduardo Paes voltou atrás nesses casos, após críticas. "Não adianta criar medidas que a gente sabe que ninguém vai cumprir", disse o prefeito.
Segundo Paes, um novo decreto será publicado nesta sexta-feira (3) para rever a exigência nesses locais.
O passaporte de vacina tem provocado confrontos constantes entre bolsonaristas e a Prefeitura do Riol. Após a publicação das novas regras, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que vai apresentar um projeto para revogá-las.
"Os preparativos públicos do Carnaval correm a pleno vapor. Estamos elaborando novo PDL [projeto de decreto legislativo] para revogar mais este novo absurdo lançado hoje pelo prefeito nervosinho sobre os cariocas: mais restrições à liberdade", escreveu Carlos Bolsonaro em seu perfil no Twitter.
Soranz diz que a pressão dos bolsonaristas contra o passaporte de vacinas e pelo cancelamento de festas como o Carnaval e o Réveillon não influencia nas decisões da Secretaria Municipal de Saúde.
"Aqui a gente faz uma pressão técnica. Não importa para a gente o que defende o lado A ou o lado B. Temos um comitê científico bem estabelecido, uma estrutura de vigilância epidemiológica bem estabelecida", disse.
Ômicron x Réveillon
O secretário de Saúde do Rio afirma que a prefeitura vai aguardar a publicação dos primeiros estudos sobre a variante ômicron para tomar uma decisão sobre as festas de ano novo — diversas capitais do Brasil e cidades fluminenses já cancelaram as comemorações.
Ele lembra que hoje o Rio tem 96% dos adultos completamente imunizados — 20% já tomaram a dose de reforço. Além disso, diz que a taxa de transmissão na cidade é considerada muito baixa —menos de 1% dos testes para a covid-19 nesse momento dão positivo.
"Temos uma nova variante com pouca informação ainda no mundo. Isso liga todos os alertas na SMS. Se houver a confirmação que essa variante ultrapassa a barreira vacinal é algo muito preocupante, porque temos essa situação na cidade hoje pela cobertura vacinal", diz o secretário
Neste momento, apenas uma paciente assintomática é monitorada por conta do risco de estar com a nova cepa. Ela tem 27 anos, é moradora do Flamengo e voltou de viagem da África do Sul. A Fiocruz deu um prazo de cinco dias para analisar se ela foi infectada pela variante ômicron.
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