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'Arriscam vidas', diz ex-chefe da Anvisa sobre demora para exigir vacinação

Dirceu Barbano, ex-presidente da Anvisa, em entrevista para a CNN Brasil - Reprodução/CNN
Dirceu Barbano, ex-presidente da Anvisa, em entrevista para a CNN Brasil Imagem: Reprodução/CNN

Do UOL,

em São Paulo

06/12/2021 13h59

O ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Dirceu Barbano criticou a demora para o Governo Federal tomar uma decisão em relação à exigência de vacinação contra covid-19 para viajantes que chegam ao Brasil.

Para ele, o governo "arrisca vidas" ao demorar para tomar decisões técnicas durante toda a pandemia do novo coronavírus, sendo que muitas vezes elas não passam de medidas técnicas.

A Anvisa recomenda desde novembro que o Brasil passe a exigir vacinação de estrangeiros que cheguem ao Brasil como forma de combate à variante ômicron. Porém, a decisão tem sido postergada pelo governo, que só tomará a decisão na tarde de hoje.

"Nessa pandemia, somos campeões em chegar tarde. Chegamos tarde com a vacina, essas medidas todas acabam sendo tomadas em tempos nos quais se arriscam vidas em troca de uma ineficiência na tomada de decisões quando se abandona a perspectiva técnica e científica", disse Dirceu.

"É lamentável que vire notícia uma reunião que não precisaria ter hora. Vivemos uma pandemia e o governo diz tratar como prioridade, mas aparentemente não consegue fazer reunião que, do ponto de vista técnico e científico, tem uma decisão absolutamente natural de ser tomada", completou.

Para Dirceu Barbano, a exigência de vacinação para entrada do país tem diversos benefícios e poderia ser adotada há tempos.

"Vejo como uma valorização do ato de se vacinar. Você dá um sinal claro que é algo fundamental na política pública de controle a pandemia. E vai colocar Brasil na mesma página de vários países ao redor do mundo que tratam prioritariamente a vacina como obrigação básica para entrada em seus países", disse.

Primeira barreira

Atualmente, o Brasil exige que os viajantes apresentam um teste RT-PCR com resultado negativo - feito nas últimas 72 horas - ou um de antígeno - feito nas últimas 24 horas. Para Dirceu Barbano, os testes são uma segunda barreira, sendo a vacinação a primeira.

"Ao exigir [o passaporte da vacina], você tem a certeza que as pessoas [que chegam ao Brasil] estão imunizadas e dificulta a circulação do vírus. Com o teste, você consegue informar que naquelas 72 horas não tem o vírus, mas não significa que no contato essa pessoa não possa fazer o vírus circular", justificou.