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Ataque hacker: governo adia exigência de comprovante de vacina a viajantes

Stella Borges

Do UOL, em São Paulo

10/12/2021 12h53Atualizada em 10/12/2021 14h35

O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, disse hoje (10) que o governo decidiu adiar em uma semana a entrada em vigor da portaria que exige a apresentação de comprovante de vacinação aos viajantes que queiram entrar no Brasil por via aérea ou a quarentena de cinco dias para quem não estiver imunizado contra a covid-19. A decisão foi tomada em razão do ataque hacker sofrido pela pasta nessa madrugada.

Assim, as medidas que entrariam em vigor amanhã (11) só passarão a valer no próximo sábado (18).

"O ministério está estruturando algumas ações que vão ser tomadas em função da indisponibilidade, em especial do sistema da vacina, mas uma decisão já posso antecipar: estive na Casa Civil, e a gente vai postergar a vigência da portaria que trata das fronteiras, em especial aqueles itens que falam sobre apresentação do certificado de vacinação ou, em caso contrário, cumprimento da quarentena", disse Cruz, em declaração a jornalistas no início da tarde.

Segundo ele, os funcionários do DataSUS estão avaliando o restabelecimento da base de dados e ainda não há um prazo concreto, mas, "por precaução", as novas regras só passarão a valer em sete dias.

"A gente vai provocar formalmente a Casa Civil nesse sentido, já estivemos reunidos com os órgãos. Assim que a Casa Civil receber, a gente vai publicar isso em edição extra de Diário Oficial", acrescentou Cruz. Segundo ele, mais detalhes serão passados à imprensa em coletiva.

Os sites do Ministério da Saúde e do ConecteSUS, que fornece dados sobre a vacina contra covid, estão fora do ar após um ataque hacker ocorrido durante a madrugada. A pasta do governo federal informou que alguns sistemas foram comprometidos e que acionou a PF (Polícia Federal) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República para investigar o caso.

Ataque de ransomware

Em nota oficial, a Saúde usou o termo "incidente", mas Cruz e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmaram que foi um ataque cibernético.

"Não podemos dar muitos detalhes do ataque porque todos os órgãos estão investigando o caso", disse o secretário-executivo. Segundo ele, a empresa de nuvem que presta serviço para o ministério bloqueou todos os acessos. "Até o começo da manhã, o ministério conseguiu restabelecer todos os serviços que são prestados, mas ainda assim alguns estão indisponíveis, como o ConectSUS."

O grupo Lapsus$ Group assumiu a autoria da ação criminosa. Segundo mensagem exibida nos portais, o ministério sofreu um ataque de ransomware e "50 TB de dados foram copiados e excluídos".

O ransomware é um tipo de vírus que sequestra o acesso aos dados do sistema, criptografando-os. Geralmente o hacker promete liberar o acesso após pagamento de um resgate.

Usuários comentaram nas redes sociais que os seus dados de vacinação sumiram do aplicativo ConecteSUS.

O aplicativo ainda está disponível, mas não é possível acessar o Certificado Nacional de Vacinação Covid-19. Uma mensagem no app informa: "Aguarde até 10 dias úteis para que seu registro de vacina apareça no ConecteSUS".

Também foi afetado o e-SUS Notifica, que recebe notificações dos estados e municípios sobre a síndrome gripal suspeita e confirmada de covid. Outro sistema afetado foi o Programa Nacional de Imunização (SI-PNI).

Questionado sobre o ataque, Queiroga afirmou que "os dados não serão perdidos", em entrevista exibida pela GloboNews nesta manhã. Em Belo Horizonte, ao ser indagado se há backup dos dados, ele disse: "Claro que existe".

Regras sanitárias

As novas regras sanitárias entrariam em vigor amanhã. Para chegar ao Brasil por via aérea, viajantes terão que apresentar teste negativo para a covid e comprovante de vacinação. Quem não estiver imunizado deverá fazer quarentena de cinco dias. As medidas se aplicam a brasileiros e estrangeiros.

O anúncio sobre a imposição da quarentena já havia sido feito na terça-feira (7), quando o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu não adotar o passaporte vacinal, contrariando recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Conforme o documento, o viajante terá que apresentar à companhia aérea documento que comprove realização de teste de covid-19, do tipo antígeno, com resultado negativo ou não detectável, realizado no período de 24 horas que antecedem o momento do embarque, ou exame RT-PCR, realizado até 72 horas antes do momento do embarque.

Ainda segundo a portaria, os viajantes que não possuírem o comprovante de vacinação poderão entrar no Brasil, desde que aceitem realizar quarentena, por cinco dias, na cidade do seu destino final.

Passados os cinco dias, os viajantes deverão realizar teste e antígeno ou RT-PCR e, caso o resultado seja negativo, poderão encerrar a quarentena. Os CIEVS (Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) de cada região farão o monitoramento dos viajantes.

*Com Agência Brasil