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Covid: Governo diz que sistema foi restabelecido um mês após ataque hacker

O Ministério da Saúde rebateu as notícias de que a instabilidade nos sistemas interferiu na vigilância epidemiológica - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O Ministério da Saúde rebateu as notícias de que a instabilidade nos sistemas interferiu na vigilância epidemiológica Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Colaboração para o UOL

10/01/2022 15h06Atualizada em 10/01/2022 15h06

O Ministério da Saúde divulgou um comunicado para afirmar que a integração entre os sistemas locais de saúde e a rede nacional de dados foi restabelecida na última sexta-feira (7). O ataque hacker sofrido pela pasta, que afetou a plataforma ConecteSUS e outros sites, completou um mês hoje.

"Desde então, as informações inseridas pelos estados e municípios nos sistemas estão retornando gradualmente às plataformas nacionais, possibilitando que os dados de saúde possam ser acessados por todos os usuários", diz trecho da nota divulgada pelo ministério.

Aplicativos e sites voltaram a funcionar há duas semanas. No entanto, sistemas como o Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe, usado para que municípios reportem casos graves, internações e mortes por influenza ou covid-19) permanecem fora do ar, gerando um apagão sobre a situação epidêmica no país.

No comunicado, a pasta ainda rebate as notícias de que a instabilidade nos sistemas tenha interferido na vigilância epidemiológica:

"A instabilidade nos sistemas da pasta não interferiu na vigilância epidemiológica de síndromes agudas respiratórias, incluindo a covid-19. A pasta continua realizando o monitoramento no Brasil para tomada de decisões frente ao atual cenário."

Objetivos políticos

Especialistas em saúde e em processamentos de dados ouvidos pelo UOL criticam a falta de transparência do governo federal, que não explica o que está acontecendo, e dizem que o problema já deveria ter sido resolvido.

Para a pesquisadora Ilara Hammerli Moraes, integrante da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), o governo teria interesse em encobrir e minimizar dados da pandemia com objetivos políticos.

"Primeiro, é importante dizer que não é só incompetência. Seria o mais fácil e óbvio de falar, mas não é possível dizer isso após 30 dias sem as plataformas. A incompetência encobre processos mais sérios", avalia.

"A quem interessa uma situação como essa, de opacidade de dados? Primeira hipótese: não tem interesse em saber o tamanho da pandemia no Brasil hoje, ainda mais com o turbilhão da ômicron. [Existe] Uma finalidade política de jogar sombra no que está ocorrendo no país. Trabalho com a hipótese de que há uma intencionalidade".

Covid no Brasil

O Brasil registrou 23.504 mil testes positivos para covid-19 em 24 horas na noite de ontem (9). A média móvel de casos da doença no país chegou a 33.146, a maior desde 23 de setembro do ano passado — quando esse índice chegou a 34.366.

De sábado para domingo, o país contabilizou 50 novas mortes por complicações geradas pela covid-19 e alcançou média móvel de óbitos de 123. Os dados foram obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte.

As informações podem ter sido afetadas pelo apagão de dados que acontece há quase um mês, desde quando os sistemas do Ministério da Saúde foram alvo de um ataque hacker.

Desde o começo da pandemia, 620.031 pessoas morreram por complicações da covid-19 e outras 22.522.310 receberam diagnóstico positivo da doença.