RJ abandonou apps de marcação de testes de covid antes de corrida a postos
Enquanto cenas de longas filas se repetem em locais de testagem, a tecnologia que poderia facilitar a vida de quem quer saber se está com covid-19 ficou para trás no Rio de Janeiro. Tanto o governo estadual quanto a prefeitura da capital deixaram de lado, ao longo da pandemia, iniciativas de agendamento online dos exames.
A reportagem do UOL testou, sem sucesso, serviços anunciados nas primeiras semanas do governo Eduardo Paes (PSD). Já o governo do estado, que prevê para hoje (10) o início de um novo sistema, havia encerrado há nove meses um aplicativo de marcação de testes.
Agora, diante do aumento da procura por testes, o governo estadual promete o agendamento online. A intenção é que a marcação em seis polos montados na capital seja realizada somente pela internet, para evitar aglomerações.
O site começou a funcionar nesta segunda, mas o UOL encontrou dificuldade para acessar durante a manhã.
UOL testou agendamento online e por telefone
Logo na segunda semana do governo de Eduardo Paes (PSD), em janeiro do ano passado, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, anunciou o aplicativo Rio Covid-19. À época, também foi informado que o agendamento de testes de covid poderia ser feito pelo serviço 1746, que concentra demandas de cidadãos para a prefeitura.
Apesar de não estar sendo divulgado, a Secretaria Municipal de Saúde alega que o aplicativo continua funcionando. Segundo a pasta, após um cadastro, uma unidade de saúde de referência entraria em contato para monitoramento e agendamento do teste.
Mas, na prática, a eficácia do serviço é uma incógnita.
O UOL baixou o aplicativo na última quarta-feira (5), fez o cadastro, respondeu às perguntas, mas até o fechamento desta reportagem nenhum funcionário da prefeitura tinha entrado em contato.
Após o preenchimento, não é dado nenhum protocolo ou oferecida opção de agendamento. O usuário apenas é encaminhado para um mapa que mostra unidades próximas.
Caso tenha relatado sintomas mais graves, há uma mensagem dizendo que deve procurar imediatamente uma unidade de saúde.
Quando lançado, o aplicativo também foi anunciado como uma forma de auxiliar no rastreamento de pessoas doentes. O usuário precisa deixar um telefone e um e-mail para concluir o cadastro.
A reportagem também tentou, sem sucesso, agendar um exame através da central telefônica 1746.
A atendente informou que seria preciso passar os dados para que fosse encaminhado por e-mail um protocolo recomendando o atendimento numa unidade próxima. Não foi possível, porém, marcar data ou horário de atendimento.
Máscaras só recomendadas para doentes
A versão aplicativo do serviço 1746, que chegou a ser anunciada no início da gestão Paes como outro caminho para o agendamento online de testes, parece sequer estar sendo atualizada, quando o assunto é covid.
As orientações sobre prevenção de coronavírus não estão na página principal. Em uma seção de informações, o usuário encontra um texto que afirma que "as luvas e máscaras não previnem a contaminação de alimentos e ambientes". "Elas são recomendadas para as pessoas que estão doentes."
Apenas no início da pandemia, não havia a orientação de autoridades sanitárias para o uso de máscaras pela população em geral. O entendimento logo mudou e já há diversos estudos comprovando a eficácia. Na própria cidade do Rio de Janeiro, o utensílio é obrigatório em ambientes fechados.
Onde fazer teste de covid-19
Sem o agendamento online, as pessoas devem comparecer a uma das 230 unidades de saúde básica da prefeitura para fazer a testagem. O atendimento ocorre de segunda a sexta, de 8h às 17h, e aos sábados, de 8h às 12h.
De segunda a domingo, das 8h às 17h, há outras sete opções de polos: Parque Olímpico (Barra da Tijuca); vilas olímpicas do Complexo do Alemão e de Honório Gurgel; Policlínica Rodolpho Rocco, em Del Castilho; Clube do Servidor (Cidade Nova); Ciep Nação Rubro-Negra (Leblon) e Unidade Ambulatorial Almir Dulton (Campo Grande).
A Secretaria Municipal de Saúde informou que há cerca de 400 mil testes em estoque e uma nova licitação para a aquisição de mais 990 mil foi realizada no dia 5 de janeiro, sendo vencedora a empresa Cepalab Laboratórios. Cada teste rápido, de antígeno, saiu por R$ 5,24.
Estado promete agendamento online
No caso do governo estadual, a aposta é que o agendamento pela internet seja realizado a partir desta segunda para quem quiser se testar em um dos seis polos lançados na sexta (7) pela Secretaria de Saúde.
De acordo com a pasta, pessoas com sintomas leves da doença ou que tiveram contato com alguém que testou positivo há quatro ou cinco dias poderão realizar o exame em tendas anexas às UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Bangu, Campo Grande e Jacarepaguá, na zona oeste, e Tijuca, Penha e Marechal Hermes, na zona norte.
O atendimento será realizado de segunda a domingo, das 8h às 18h. Num primeiro momento, ainda sem o agendamento online, foram distribuídas até 150 senhas por dia em cada um dos locais.
Em dezembro de 2020, o Estado do Rio lançou um projeto para testagem em massa que foi realizado através do aplicativo Dados do Bem, disponibilizado pelo Instituto D´Or.
O aplicativo ainda segue disponível, mas, segundo o instituto, encerrou suas atividades em 31 de março de 2021. A entidade também informou que a plataforma realizou mais de 56 mil testes de covid em diferentes cidades do país.
Desde então, a Secretaria Estadual de Saúde não tinha dado sequência ao uso da internet para a marcação.
Os recursos para as novas tendas que estão sendo montadas serão repassados a organizações sociais e à Fundação Saúde, estatal que cuida de algumas unidades. Não foram informados valores.
Ainda segundo a pasta, pacientes com sintomas moderados a graves, como febre acima de 37,5ºC e dificuldades respiratórias, deverão procurar diretamente uma das 28 UPAs da rede ou emergência hospitalar, onde realizarão o teste e passarão por atendimento médico.
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