Substituta de defensor da cloroquina na Saúde diz que tema está 'encerrado'
A nova secretária da SCTIE (Secretária de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde, Sandra de Castro Barros, disse ontem que a discussão em torno do uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19 está "encerrada". O medicamento, sem eficácia científica comprovada contra a doença, é frequentemente divulgado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e inclusive foi exaltada pelo ex-secretário da SCTIE Hélio Angotti Neto.
O médico declaradamente olavista Hélio Angotti Neto deixou o comando da SCTIE do Ministério da Saúde para assumir o cargo que era ocupado pela médica Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina". Com a saída de Angotti, Sandra Barros, que era diretora do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, assumiu o cargo.
Angotti Neto foi o responsável pela nota técnica, publicada pela pasta em janeiro, que colocou a cloroquina como eficaz contra a covid-19, e a vacina não. O medicamento já teve sua ineficácia comprovada contra a doença, sendo contraindicada, inclusive, pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Essa discussão já está encerrada. Essa discussão foi feita. Eu estou assumindo agora e, conforme o ministro já colocou, há um recurso em relação a todo esse histórico que está sendo julgado e, no momento, acredito que essa não seja a pauta principal", afirmou Barros.
Segundo a nova secretária, as pautas principais da pasta são neste momento "lançar indicadores e metas a curto e médio prazo para conseguir mais elementos e processos no sentido de que a gente possa enriquecer ainda mais o Sistema Único de Saúde".
Queiroga rebate jornalista
Após a secretária terminar de responder à pergunta na coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, interrompeu o anúncio do nome de um novo jornalista que faria a pergunta para rebater o questionamento feito a Barros.
"Eu já falei sobre isso. O recurso [sobre a nota técnica] vai ser julgado por mim. Eu vou julgar o recurso. Por quê? Porque assim a lei determina. Isso não vai mudar a história da pandemia da covid-19. Você pode ficar certa disso. E nós vamos julgar e vamos dar as respostas, como eu falei, baseado na legislação", disparou o ministro.
Apesar da ineficácia da cloroquina, Queiroga voltou a falar que a decisão no tratamento da covid-19, "na ponta", é do médico e afirmou que a medicina "não é uma ciência exata".
"Essa pauta [de medicamentos para tratar a covid-19] não se restringe a um fármaco, dois, três ou quatro. A decisão na ponta é do médico. Os médicos fazem isso há milênios, fazem bem, e temos feito. Por isso, nós estamos conseguindo controlar o caráter pandêmico da covid-19. (...) O recurso eu vou julgar, tá bom?", finalizou Queiroga.
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