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Varíola dos macacos: Uberlândia apura causa de morte; SP aponta 2ª infecção

Brasil tem casos confirmados e em investigação - iStock
Brasil tem casos confirmados e em investigação Imagem: iStock

Anaís Motta e Mariana Durães

Do UOL, em São Paulo

11/06/2022 15h42Atualizada em 12/06/2022 21h24

A Secretaria da Saúde de Minas Gerais informou que foi notificada neste sábado (11) a morte de uma pessoa por suspeita de varíola dos macacos no estado. Não foram informados detalhes de idade e sexo do paciente, que residia em Uberlândia e trabalhava em Araguari, ambas no Triângulo Mineiro, de acordo com o governo.

Segundo a secretaria, esse é o primeiro caso suspeito em Minas. Os contatos próximos da pessoa estão sendo monitorados e ainda não há nenhum outro sintomático. Uma amostra foi enviada para análise da Funed (Fundação Ezequiel Dias).

Hoje também foi confirmado o segundo caso da infecção no Brasil pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo. Segundo a pasta, trata-se de um homem de 29 anos que mora em Vinhedo, no interior do estado, onde está isolado. A Vigilância Epidemiológica do município e o estado estão monitorando o paciente e seus respectivos contatos.

O caso é considerado importado porque o homem tem histórico de viagem para Portugal e Espanha e teve os sintomas e as primeiras lesões na pele ainda na Europa. Ainda de acordo com a secretaria, o resultado positivo só foi confirmado por um laboratório espanhol no último dia 8, depois que o paciente já havia desembarcado no Brasil.

Já o Maranhão notificou o primeiro caso suspeito no estado. A Secretaria de Estado da Saúde informou que o Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão iniciou a análise das amostras.

O paciente é um homem de 30 anos, residente em São Luís, internado no último dia 8 de junho na rede pública municipal. Ele não tem histórico de viagem e apresenta sintomas de febre, calafrio, dor de cabeça, ardor nos olhos, dor nas costas e lesões por todo o corpo com coceira. O estado de saúde é estável.

No Rio de Janeiro, a SES investiga um possível caso em Macaé. O paciente tem 43 anos, trabalha embarcado em uma plataforma de petróleo, e relata ter tido contato com pessoas de outros países. O homem está internado em um hospital particular da cidade, isolado e estável.

"Exames complementares, preconizados pelo Ministério da Saúde (MS) para fechar a avaliação do caso, estão em andamento. A vigilância estadual está apoiando a vigilância municipal no monitoramento do paciente. Até o momento, não há caso de monkeypox confirmado no estado", informou a secretária em nota.

O UOL procurou o Ministério da Saúde para perguntar se a pasta está ciente desse segundo caso de varíola dos macacos no Brasil, e para ter acesso a um balanço mais atualizado de suspeitos e descartados. Assim que houver resposta, esta nota será atualizada.

Casos confirmados, suspeitos e descartados

O primeiro caso da doença no país foi confirmado na quinta-feira (9). É um morador da capital paulista, de 41 anos, que está internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas "com boa evolução do quadro clínico", segundo a SES.

Desde a semana passada, o Centro de Vigilância Epidemiológico (CVE) estadual e a prefeitura de São Paulo ainda investigam um outro caso suspeito, uma mulher de 26 anos, também moradora da capital.

Um outro caso, que estava sendo acompanhado no Mato Grosso do Sul foi descartado. No país também há casos suspeitos em Porto Alegre, Pacatuba (CE), Blumenau (SC), Dionísio Cerqueira (SC), e Rio Crespo (RO) onde há duas suspeitas.

Como acontece a contaminação

A varíola dos macacos é uma doença viral rara transmitida pelo contato próximo/íntimo com uma pessoa infectada e com lesões de pele. Esse contato pode ser exemplo pelo abraço, beijo, massagens, relações sexuais ou secreções respiratórias próximos e por tempo prolongado.

"A transmissão também ocorre por contato com objetos, tecidos (roupas, roupas de cama ou toalhas) e superfícies que foram utilizadas pelo doente. Não há tratamento específico, mas de forma geral os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões", informou o governo de São Paulo, em nota.

Prevenção

  • Evitar contato próximo/íntimo com a pessoa doente até que todas as feridas tenham cicatrizado;
  • Evitar o contato com qualquer material, como roupas de cama, que tenha sido utilizado pela pessoa doente;
  • Higienização das mãos, lavando-as com água e sabão e/ou uso de álcool gel.

Conheça os sintomas

Os primeiros sintomas podem ser febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, linfonodos inchados, calafrios ou cansaço. De um a três dias após o início desses sintomas, as pessoas desenvolvem lesões de pele que podem estar localizadas em mãos, boca, pés, peito, rosto e ou regiões genitais. Leia mais nesta reportagem do UOL.

Risco de morte é baixo

A varíola dos macacos pode ser letal, mas o risco é baixo. Existem dois grupos distintos do vírus da doença circulando no mundo, agrupados com base em suas características genéticas: um predominantemente em países da África Central — com taxa de fatalidade de cerca de 10% —, e outro circulando na África Ocidental, com taxa bem menor, de 1%.

A vigilância genômica ainda incipiente mostra que o vírus em circulação fora do continente africano é o menos letal.

Complicações podem ocorrer, principalmente infecções bacterianas secundárias da pele ou dos pulmões, que podem evoluir para sepse e morte ou disseminação do vírus para o sistema nervoso central, gerando um quadro de inflamação cerebral grave chamado encefalite, que pode ter sequelas sérias ou levar ao óbito.

Além disso, como toda doença viral aguda, a depender do estado imunológico do paciente e das condições e acesso à assistência médica adequada, alguns casos podem levar à morte.

Vacina da varíola humana protege

Estudos apontam que a vacinação prévia contra varíola pode ser eficaz contra a varíola de macacos em até 85%. Isso porque ambos os vírus pertencem à mesma família e, portanto, existe um grau de proteção cruzada devido à homologia genética entre eles. Entretanto, como a varíola humana foi erradicada há mais de 40 anos, atualmente não há vacinas disponíveis para o público em geral.