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Varíola dos macacos: São Paulo tem 3 crianças e 7 adolescentes com a doença

São Paulo registra os primeiros casos de varíola dos macacos em crianças no país
Imagem: São Paulo registra os primeiros casos de varíola dos macacos em crianças no país

Do UOL*, em São Paulo

29/07/2022 11h51

Três crianças e sete adolescentes foram diagnosticados com varíola dos macacos no estado de São Paulo até o momento. As crianças têm entre 4 e 6 anos, enquanto os adolescentes têm idades que variam entre 10 e 19 anos, disse a Secretaria de Saúde do Estado ao UOL.

Na capital paulista, um menino de 4 anos e duas meninas de 6 estão "em monitoramento sem sinais de agravamento", informou a Prefeitura. "Todos estão em isolamento domiciliar e com bom estado clínico, acompanhados pelas vigilâncias municipais e estaduais", disse a pasta.

Em relação ao modo de transmissão e contaminação nestes pacientes, a Secretaria anunciou que as vigilâncias estadual e municipal estão investigando cada caso.

No total, a cidade de São Paulo teve 713 casos confirmados da doença até as 18h de ontem.

No Brasil, são 1.066 casos da varíola registrados até o momento, de acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, que já trata a situação como um surto.

Uma morte pela doença também foi informada hoje pela pasta: a vítima era de Uberlândia (MG) e morreu em um hospital de Belo Horizonte.

Surto é o primeiro estágio da evolução de contágio, antes de epidemia e pandemia, como a covid-19. Ele acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica. Para usar esse termo, o aumento de casos deve ser maior que o esperado pelas autoridades.

Uma epidemia é quando um surto acontece em diversas regiões. Já a pandemia é quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta.

O Ministério disse que o controle da doença é uma prioridade do órgão, e anunciou que montará um grupo para coordenar a resposta com a participação de várias instituições de saúde, como o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a Opas, braço da OMS nas Américas.

De acordo com a pasta paulistana, a rede municipal de Saúde está equipada para o tratamento e identificação da doença e "conta com insumos para coleta de amostras das lesões cutâneas (secreção ou partes da ferida seca) para análise laboratorial".

Veja o número de casos por estado, de acordo com o Ministério da Saúde:

  • São Paulo: 823
  • Rio de Janeiro: 124
  • Minas Gerais: 44
  • Paraná: 21
  • Distrito Federal: 15
  • Goiás: 13
  • Bahia: 5
  • Ceará: 4
  • Santa Catarina: 4
  • Rio Grande do Sul: 4
  • Pernambuco: 3
  • Rio Grande do Norte: 2
  • Espírito Santo: 2
  • Tocantins: 1
  • Acre: 1

Vacina contra a varíola dos macacos no Brasil

Ainda não há vacina disponível para a doença no país, mas o Ministério da Saúde diz negociar a aquisição.

"A pasta tem buscado as alternativas céleres para aquisição da vacina e articulado com a OPAS/OMS as tratativas para aquisição do imunizante. Dessa forma, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) poderá definir a melhor estratégia de imunização para o Brasil", afirmou em nota.

Há cerca de uma década, a farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic desenvolveu um imunizante a partir do vírus vaccinia, que pertence à mesma família do smallpox (o causador da varíola humana) e do monkeypox. Nos Estados Unidos, ela é conhecida como Jynneos. Já na Europa, o nome deste produto é Imvanex.

Por ora, a vacinação contra o monkeypox começou apenas em partes da Europa e da América do Norte. A União Europeia, por exemplo, fez um acordo com a Bavarian Nordic que prevê a entrega de 110 mil doses.

Os Estados Unidos já possuem um estoque de 800 mil unidades da Jynneos/Imvanex, de acordo com o jornal americano The New York Times. Alguns locais, como Washington, Chicago e Nova York, iniciaram a campanha de vacinação.

Quais os sintomas da varíola dos macacos?

A doença começa com febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, ou seja, sintomas inespecíficos e semelhantes a um resfriado ou gripe.

Em geral, de a 1 a 5 dias após o início da febre, aparecem lesões na pele, chamadas de exantema ou rash cutâneo (manchas vermelhas). Essas lesões aparecem inicialmente na face, se espalhando para outras partes do corpo. Elas vêm acompanhadas de coceira e aumento dos gânglios

Vale ressaltar que uma pessoa é contagiosa até que todas as cascas caiam —as casquinhas contêm material viral infeccioso — e que a pele esteja completamente cicatrizada.

Como é a transmissão da varíola dos macacos?

A varíola dos macacos não se espalha facilmente entre as pessoas —a proximidade é fator necessário para o contágio. Sendo assim, a doença ocorre quando o indivíduo tem contato muito próximo e direto com um animal infectado (acredita-se que os roedores sejam o principal reservatório animal para os humanos) ou com outros indivíduos infectados por meio das secreções das lesões de pele e mucosas ou gotículas do sistema respiratório.

A transmissão pode ocorrer também pelo contato com objetos contaminados com fluídos das lesões do paciente infectado —isso inclui contato da pele ou material que teve contato com a pele, por exemplo, toalhas ou lençóis usados por alguém doente.

*Com informações da BBC Brasil