Casos de covid aumentam 85% no estado de São Paulo após o Carnaval

Os casos de covid-19 dispararam no estado de São Paulo após a semana de Carnaval, indicam dados oficiais do governo coletados pela Info Tracker —plataforma da USP e Unesp que monitora a covid.

O que aconteceu

Os casos de covid no estado aumentaram ao menos 85% após o Carnaval. Os dados da oitava semana epidemiológica do ano, de 18 a 21 de fevereiro, indicam que 7.920 pessoas foram contaminadas nos dias anteriores, incluindo os dias de Carnaval, que aconteceu de 9 a 13 deste mês. Na semana de 11 a 17 de fevereiro, o governo de SP divulgou 4.291 contágios.

Esse número deve crescer, já que a oitava semana epidemiológica do ano —iniciada no dia 18— só acaba no dia 24. A divulgação dos dados, no entanto, será apenas na quarta-feira (28). "Na próxima atualização, esse percentual vai esticar", diz Wallace Casaca, um dos coordenadores da Info Tracker.

Em um mês, o aumento de casos foi de 224%, segundo o governo de SP. Entre 21 e 27 de janeiro (quarta semana epidemiológica), o estado havia contabilizado 2.443 infectados pelo vírus da covid.

Na cidade de São Paulo, os casos aumentaram 438% desde o começo do ano. Os dados municipais, atualizados apenas até a sexta semana epidemiológica (de 31 de janeiro a 7 de fevereiro), informam 613 novos diagnósticos. De 27 de dezembro a 3 de janeiro, 114 pessoas haviam contraído covid.

Já a média nacional de casos aumentou 37% no Brasil no pré-Carnaval. A alta, no entanto, se refere à sétima semana epidemiológica do ano, de 11 a 17 de fevereiro, quando 45.180 pessoas foram infectadas, contra 33.020 na semana epidemiológica anterior. "O aumento reflete as aglomerações do pré-Carnaval", diz Wallace Casaca, um dos coordenadores da Info Tracker.

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Esses números devem subir após o governo federal incluir as infecções registradas durante o Carnaval. "Como parte dos dados municipais e estaduais ainda estão sendo recebidos e contabilizados pelo governo, é esperado uma elevação nos casos na próxima atualização", diz Casaca. Comparada à primeira semana de janeiro (19.950), a alta foi de 127%.

Entre 21 de dezembro e 10 de fevereiro, 1.325 pessoas morreram no Brasil vítimas da covid. O dado é do Ministério da Saúde.

A vacinação vem reduzindo os óbitos em decorrência da covid. Soma-se o fato de que parte da população adquiriu imunidade natural, e as cepas em circulação, todas da família ômicron, são menos letais que suas predecessoras.
Wallace Casaca, pesquisador

Os números, que podem mudar em caso de atualização, se referem apenas ao que chegou aos órgãos oficiais.

Exames positivos aumentam no país

As infecções na região Norte estão caindo, enquanto sobem no Centro-Sul, diz boletim da Fiocruz. Embora não divulgue o total de infecções, a fundação afirma que a "tendência de longo prazo" é o que os casos aumentem na região.

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Os exames de diagnósticos confirmam a tendência de alta para o Centro-sul. Paraná (46%), Minas Gerais (43%), Rio de Janeiro (38%), Distrito Federal (38%), São Paulo (35%) e Goiás (34%) têm os maiores percentuais de exames positivos para covid. Os dados são do Instituto Todos pela Saúde, que compilou os resultados dos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein, Hilab, HLAGyn e Sabin.

Pela primeira vez desde dezembro, o Brasil registrou um percentual de testes positivos acima de 35%. Foram 36% entre 4 a 10 de fevereiro, ante 20% na primeira semana do ano. "O período analisado ainda não inclui o Carnaval, o que pode refletir em um aumento ainda maior de positividade", diz o instituto.

Exames para covid-19. Resultados positivos aumentam
Exames para covid-19. Resultados positivos aumentam Imagem: Josué Damacena/Fiocruz Imagens

O atendimento de pacientes com covid aumentou 31% nos 69 hospitais da Rede D'Or em 13 estados e DF. O levantamento, de 11 a 17 de fevereiro, comparou com a semana anterior, de 4 a 10. "Os casos subiram de 119 para 156", diz a rede em nota. "São Paulo acumula quase metade do total, com 48,7% dos diagnósticos."

No Einstein de São Paulo, o aumento foi de 44%. A comparação é entre a semana de 28 de janeiro e 3 de fevereiro e a semana de 4 a 10 de fevereiro. "Foram de 378 positivos para 545", diz em nota.

Crianças e idosos sofrem mais

Em 2024, a covid responde por 43% dos brasileiros de 0 a 2 anos com alguma doença respiratória —como Influenza A, Influenza B e vírus sincicial respiratório—. O dado é da Fiocruz, e esse índice chega a 91% entre maiores de 65 anos.

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"A preocupação com a covid persiste, especialmente diante do aumento dos registros após as aglomerações recentes", declara Marco Cesar, diretor clínico da Salus Imunizações. "Essas aglomerações são propícias para a transmissão do vírus, especialmente entre não vacinados ou com imunidade comprometida."

As recomendações permanecem as mesmas. "Vacinação com todas as doses, evitar contato com pessoas sintomáticas, uso do álcool gel e máscaras em aglomerações", diz o infectologista da Fundação de Medicina Tropical de Manaus, Noado Lucena. "Se sintomático (dor na garganta, coriza, tosse), é preciso fazer teste e se isolar."

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