Dois ex-prefeitos ruandeses condenado à prisão perpétua por genocídio
Paris, 6 Jul 2016 (AFP) - Dois ex-prefeitos ruandeses foram condenados à prisão perpétua pela Justiça francesa, nesta quarta-feira (6), por sua participação no genocídio da etnia tutsi na cidade de Kabarondo, leste de Ruanda, em abril de 1994.
Depois de dois meses de um processo classificado de histórico, Octavien Ngenzi, de 58, e Tito Barahira, de 65, foram considerados culpados por crimes contra a humanidade e genocídio, assim como por "prática maciça e sistemática de execuções sumárias" na aplicação de "um plano premeditado para destruir" o grupo étnico dos tutsi.
Essa é a segunda condenação na França em relação aos massacres de 1994 em Ruanda, depois da condenação a 25 anos de prisão, em 2014, do ex-capitão do Exército Pascal Simbikamgwa.
A pena imposta corresponde à condenação pedida pelo promotor Philippe Courroye. Segundo ele, os dois condenados, que se sucederam como prefeitos na localidade de Kabarondo, foram as "engrenagens fundamentais" do genocídio nessa cidade e agiram como "supervisores" e "algozes".
Courroye afirmou que ambos foram "servidores dos planejadores do genocídio" e que "perderam seu encontro com a humanidade" ao não pedir perdão, além de negarem as acusações até o último minuto.
Esse é um processo excepcional, com quase 250 horas de debates filmados, cerca de 100 testemunhas, mais de 30 toneladas de documentação e até uma mudança de presidente durante o julgamento.
Em sua defesa, Barahira e Ngenzi invocaram seu sentimento de impotência diante do caos que não conseguiram antecipar, nessa comunidade rural onde tutsis e hutus viviam "bem".
"Não fui capaz de protegê-los", mas "não sou culpado pelo genocídio", repetiu Ngenzi, ao longo do processo.
"Estou muito decepcionado com essa decisão. Mas não estou tão surpreso. Acho que podemos esperar que haja uma apelação por parte da defesa", disse Philippe Meilhac, advogado de Barahira.
Para as partes civis, o veredicto foi uma libertação silenciosa. Muitos presentes na sala choraram discretamente ao ouvir a condenação.
"Os jurados ouviram a angústia que as vítimas sentiram. Espero que essa condenação implique que, finalmente, vai acabar isso de viver na França na impunidade", declarou com satisfação Alain Gauthier, presidente do Coletivo de Demandantes Civis para Ruanda, associação que promoveu a maioria das investigações.
Segundo o padre da igreja de Kabarondo, Oreste Incimatata, mais de 2.000 pessoas morreram em um único dia, no trágico 13 de abril de 1994, no templo, onde camponeses tutsis haviam se abrigado. Com facões, granadas e morteiros, o massacre durou mais de sete horas.
Como ocorreu em outras áreas de Ruanda, onde as matanças começaram pouco depois do atentado contra o então presidente hutu, Juvenal Habyarimana, em 6 de abril de 1994, massacres e execuções se sucederam em Kabarondo.
Na França, há 26 casos sobre o genocídio de Ruanda em fase de instrução.
Depois de dois meses de um processo classificado de histórico, Octavien Ngenzi, de 58, e Tito Barahira, de 65, foram considerados culpados por crimes contra a humanidade e genocídio, assim como por "prática maciça e sistemática de execuções sumárias" na aplicação de "um plano premeditado para destruir" o grupo étnico dos tutsi.
Essa é a segunda condenação na França em relação aos massacres de 1994 em Ruanda, depois da condenação a 25 anos de prisão, em 2014, do ex-capitão do Exército Pascal Simbikamgwa.
A pena imposta corresponde à condenação pedida pelo promotor Philippe Courroye. Segundo ele, os dois condenados, que se sucederam como prefeitos na localidade de Kabarondo, foram as "engrenagens fundamentais" do genocídio nessa cidade e agiram como "supervisores" e "algozes".
Courroye afirmou que ambos foram "servidores dos planejadores do genocídio" e que "perderam seu encontro com a humanidade" ao não pedir perdão, além de negarem as acusações até o último minuto.
Esse é um processo excepcional, com quase 250 horas de debates filmados, cerca de 100 testemunhas, mais de 30 toneladas de documentação e até uma mudança de presidente durante o julgamento.
Em sua defesa, Barahira e Ngenzi invocaram seu sentimento de impotência diante do caos que não conseguiram antecipar, nessa comunidade rural onde tutsis e hutus viviam "bem".
"Não fui capaz de protegê-los", mas "não sou culpado pelo genocídio", repetiu Ngenzi, ao longo do processo.
"Estou muito decepcionado com essa decisão. Mas não estou tão surpreso. Acho que podemos esperar que haja uma apelação por parte da defesa", disse Philippe Meilhac, advogado de Barahira.
Para as partes civis, o veredicto foi uma libertação silenciosa. Muitos presentes na sala choraram discretamente ao ouvir a condenação.
"Os jurados ouviram a angústia que as vítimas sentiram. Espero que essa condenação implique que, finalmente, vai acabar isso de viver na França na impunidade", declarou com satisfação Alain Gauthier, presidente do Coletivo de Demandantes Civis para Ruanda, associação que promoveu a maioria das investigações.
Segundo o padre da igreja de Kabarondo, Oreste Incimatata, mais de 2.000 pessoas morreram em um único dia, no trágico 13 de abril de 1994, no templo, onde camponeses tutsis haviam se abrigado. Com facões, granadas e morteiros, o massacre durou mais de sete horas.
Como ocorreu em outras áreas de Ruanda, onde as matanças começaram pouco depois do atentado contra o então presidente hutu, Juvenal Habyarimana, em 6 de abril de 1994, massacres e execuções se sucederam em Kabarondo.
Na França, há 26 casos sobre o genocídio de Ruanda em fase de instrução.
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